Desemprego recua, informalidade cresce, rendimento médio continua baixo, mostra IBGE
01/08/2022
A taxa de desocupação ficou em 9,3% no trimestre encerrado
em junho, queda de 1,8 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior.
É o menor patamar para o período desde 2015, quando foi de 8,4%. O número de
trabalhadores informais, estimado em 39,3 milhões, também foi o maior da série
histórica do indicador, iniciada em 2015. O rendimento médio real habitual foi
estimado em R$2.652, mantendo-se no mesmo nível baixo do primeiro trimestre.
O número de desempregados recuou 15,6% no trimestre,
chegando a 10,1 milhões de pessoas. Isso representa 1,9 milhão de pessoas a
menos em busca por trabalho no país. Os dados são da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada hoje (29) pelo IBGE.
“A retração da taxa de desocupação no segundo trimestre
segue movimento já observado em outros anos. Em 2022, contudo, a queda mais
acentuada dessa taxa foi provocada pelo avanço significativo da população
ocupada em relação ao primeiro trimestre”, destaca a coordenadora de Pesquisas
por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
A população ocupada é a maior desde o início da série
histórica da pesquisa, em 2012. Esse contingente foi estimado em 98,3 milhões,
o que representa uma alta de 3,1% frente ao trimestre anterior. São 3,0 milhões
de pessoas a mais no mercado de trabalho, sendo 1,1 milhão na informalidade. Na
comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento é de 8,9 milhões de
trabalhadores. Com o crescimento, o nível da ocupação, percentual de ocupados
na população em idade de trabalhar, foi estimado em 56,8%, avançando 1,6 p.p.
frente ao trimestre anterior.
Na comparação com o trimestre anterior, houve um crescimento
de trabalhadores informais de 2,8%, o que representa mais 1,1 milhão de
pessoas. Fazem parte dessa população os trabalhadores sem carteira assinada,
empregadores e conta própria sem CNPJ, além de trabalhadores familiares
auxiliares.
“Nesse segundo trimestre, houve a retomada do crescimento do
número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, que havia caído no primeiro
trimestre. Além disso, outras categorias principais da informalidade, que são os
empregados sem carteira no setor privado e os trabalhadores domésticos sem
carteira, continuaram aumentando”, analisa. A taxa de informalidade foi de
40,0% no trimestre encerrado em junho.
O número de trabalhadores por conta própria, somados formais
e informais, foi estimado em 25,7 milhões, o maior contingente para um
trimestre encerrado em junho desde 2012, início da série histórica da PNAD
Contínua. Houve crescimento de 1,7% (431 mil pessoas) frente ao trimestre
anterior e de 4,3% (1,1 milhão) em relação ao mesmo período do ano passado.
Já entre os empregados sem carteira assinada no setor
privado, o aumento foi de 6,8% (ou mais 827 mil pessoas) frente ao último
trimestre. Com isso, o contingente também foi o maior da série, ao ser estimado
em 13,0 milhões de pessoas. O número de trabalhadores domésticos sem carteira
cresceu 4,3% no período, o equivalente a 180 mil pessoas. Com a alta, essa
categoria passou a ser formada por 4,4 milhões de trabalhadores.
O crescimento no número de informais é relacionado a algumas
atividades do setor de serviços, que foi bastante impactado pelas medidas de
isolamento social durante a pandemia. “Podemos observar que parte importante
dos serviços, como os serviços pessoais prestados às famílias, tem grande
participação de trabalhadores informais e está influenciando essa reação da
ocupação. Isso também tem ocorrido na construção, setor com parcela
significativa de informais. Então, a informalidade tem um papel importante no
crescimento da ocupação”, explica.
No caso do mercado de trabalho formal, o maior crescimento
em termos absolutos foi dos empregados com carteira assinada no setor privado.
Essa categoria subiu 2,6% no trimestre, um acréscimo de 908 mil pessoas. No
ano, o aumento foi de 3,7 milhões de trabalhadores (11,5%). Por outro lado, o
número de empregadores com CNPJ ficou estável frente ao último trimestre e
subiu 12,7% na comparação anual. Dos 4,2 milhões de empregadores, 3,4 milhões
(81%) são formais.
Ocupação cresce em
sete atividades
Em relação ao aumento da ocupação, a pesquisadora aponta
para a expansão disseminada entre diversas atividades econômicas. “Entre elas,
os destaques foram o comércio (3,4%), a indústria (2,7%) e a administração
pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais
(4,5%). Neste último grupo de atividades, a expansão de 739 mil pessoas foi
influenciada pela educação básica, especialmente de ensino fundamental. Além do
comportamento sazonal de expansão desse grupamento, a intensificação das
atividades presenciais levou à absorção de profissionais no segmento da
educação”, analisa.
No comércio, o aumento foi de 617 mil pessoas frente ao
trimestre anterior e, na indústria, de 332 mil. Outros crescimentos
significativos foram registrados pelos setores de construção (3,8%, ou mais 274
mil pessoas), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias,
profissionais e administrativas (3,0%, ou mais 336 mil pessoas), outros
serviços (3,2%, ou mais 158 mil pessoas) e serviços domésticos (4,0%, ou mais
227 mil pessoas).
Com a expansão da ocupação, a força de trabalho (soma de
ocupados e desocupados) chegou a 108,3 milhões de pessoas, o maior contingente
da série histórica da pesquisa. A alta foi de 1,0% (1,1 milhão de pessoas) na
comparação com o último trimestre e de 4,0% (4,1 milhões de pessoas) frente ao
mesmo período do ano passado.
Rendimento médio fica
estável e massa de rendimento cresce no segundo trimestre
No ano, houve queda de 5,1%. Já a massa de rendimento chegou
a R$255,7 bilhões, um aumento de 4,4% frente ao trimestre anterior e de 4,8% em
relação ao mesmo período do ano passado.
Beringuy explica que os resultados refletem a expansão da
ocupação no trimestre. “Embora não haja aumento no rendimento médio dos
trabalhadores, houve crescimento da massa de rendimento porque o número de
pessoas trabalhando é bastante elevado”, ressaltou.
Fonte: IBGE