Com fiscalização precária, parques de SP têm aglomeração e falta de máscaras

03/05/2021


Nos parques da cidade de São Paulo, parte dos frequentadores parece acreditar que a pandemia de Covid-19 acabou. O domingo de sol e temperatura agradável foram uma forte concorrência para os apelos feitos por médicos e especialistas: fique em casa, use máscara, evite aglomerações.

Pelo Plano SP, os parques estão autorizados a funcionar das 6h às 18h. Estão proibidos a realização de eventos e o uso de quadras, de equipamentos de ginástica e de playgrounds (exceto quadra de tênis).

A reportagem visitou dois parques neste domingo (2): o Ibirapuera, gerido pela Urbia Parques, e o Piqueri, de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo, ambos com grande número de pessoas.

No Ibirapuera (zona sul) foram disponibilizados álcool em gel e um termômetro para medição de temperatura em uma das entradas, mas não havia ninguém para orientar a população. As pessoas passavam sem parar.

Outra situação observada foi a falta da máscara ou o uso do acessório de forma incorreta.

As avenidas no entorno do parque também estavam lotadas de gente caminhando e de ciclistas.

No Piqueri, localizado no Tatuapé (zona leste), ninguém mede a temperatura. Sem se identificar, a reportagem conversou com funcionários. Eles disseram que a prefeitura retirou a medição.

“A gente avisa e não adianta. Tinha o termômetro de medir a temperatura, mas a prefeitura tirou há dois dias. Já pensou se entra gente com Covid no parque? O parque tem a capacidade para 3.000 e vêm 5.000. Nós somos só três para tudo isso. A minha vida está em jogo, porque tenho anemia e imunidade baixa. Tem um vigilante nosso que está na UTI por Covid-19; a menina da limpeza também. Quando eu vejo gente sem máscara, eu apito e peço para colocar, mas não adianta. E meu serviço nem é esse. Eu tenho medo, não vou mentir pra você”, relata uma funcionária.

Ao caminhar pelo Parque do Piqueri, a Folha também flagrou muitas pessoas sem máscaras ou com os acessórios no queixo. Nos dois playgrounds, havia muitos adultos e crianças aglomerados.

Além disso, os banheiros estavam sujos e havia uma pia entupida com sujeira. Em alguns, não havia papel higiênico —situações que contrariam a fala de infectologistas. Higiene é essencial para evitar a Covid-19.

Apesar das situações relatadas, a Urbia Parques afirmou que o Parque Ibirapuera respeitou todos os protocolos de segurança do Plano São Paulo.

"É exigido o uso de máscara e distanciamento social e disponibilizamos álcool em gel para o público, em diferentes pontos do parque. Trabalhamos de forma preventiva, orientando o visitante", diz parte da nota.

A empresa disse que fará nesta segunda (3) um balanço sobre o fim de semana e vai elaborar novas medidas para conscientizar a população.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo disse que estão sendo testados novos modelos de operação nos parques municipais para impedir aglomerações nos espaços e que continuam obrigatórios o uso de máscara e o respeito à regra de distanciamento social.

"É recomendado que os parquinhos infantis e equipamentos de ginástica sejam utilizados com consciência, e que os frequentadores não realizem atividades em grupo que possam causar aglomerações no interior dos parques", diz trecho da nota.

Mesmo sem verificar o local, a Prefeitura negou a o entupimento observado pela reportagem em uma das pias.

Fonte: Folha de S.paulo