PMs devem ser indiciados por morte do pedreiro Amarildo no Rio

17/09/2013

O ex-comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, major Edson Santos, e quatro policiais da unidade devem ser indiciados sob acusação de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, 43.

 

Ontem o delegado responsável pelo inquérito, Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios, e promotores do Ministério Público que acompanham o caso passaram a tarde reunidos discutindo os passos finais do relatório.

 

A tendência é que, além do indiciamento, seja pedida a prisão preventiva dos cinco policiais militares suspeitos de envolvimento com o desaparecimento do pedreiro.

 

Ouvido pela Folha no fim de semana, o major Edson Santos disse que as acusações sobre seu envolvimento com o sumiço de Amarildo "não são verdadeiras".

 

Amarildo desapareceu no dia 14 de junho, depois de ter sido levado por policiais militares para a sede da UPP da favela. Na véspera, uma operação policial havia prendido 21 pessoas sob acusação de envolvimento com o tráfico.

 

O delegado leva em conta os depoimentos de testemunhas sobre a atuação dos agentes da UPP e as contradições encontradas nas declarações dos policiais.

 

Segundo os PMs, Amarildo foi liberado e saiu da UPP, descendo por uma escadaria. A PM informou que câmeras instaladas na saída da UPP e no início da escadaria, que registrariam a passagem do pedreiro, não estavam funcionando naquele dia.

 

A Polícia Civil encontrou, no entanto, uma câmera em funcionamento no final da escadaria. Ela não registra a passagem de Amarildo.

 

Testemunhas ouvidas pelos investigadores acusaram policiais da UPP de torturar moradores suspeitos de envolvimento com o tráfico para obter informações.

 

Eles, segundo os depoimentos, usariam sacos plásticos para sufocar os suspeitos. Dessa forma, não deixariam marcas nem sangue, o que poderia incriminá-los. Para a polícia, Amarildo teria sido vítima de uma dessas ações.

 

Contra os policiais pesa também o depoimento de uma testemunha que relatou ter sido ameaçada pelo major para mudar seu depoimento.

 

Fonte: Folha de S.Paulo