USP Leste é fechada por problemas ambientais e aulas têm local incerto

09/01/2014

Começa hoje a interdição total do câmpus leste da Universidade de São Paulo (USP), em respeito à decisão judicial que apontou riscos à saúde de alunos e funcionários por contaminação do solo. A decisão judicial é de novembro do ano passado, e o prazo de 30 dias para que um novo local fosse providenciado teve início em 9 de dezembro, mas nenhum laboratório ou material de aula e pesquisa foi transferido.

 

Alunos e professores não sabem para onde as atividades serão transferidas. Segundo a direção, outras unidades do câmpus principal, no Butantã, zona oeste da capital, devem abrigar as aulas e demais atividades. Uma escola estadual vizinha do câmpus também é cotada pela diretoria para abrigar algumas atividades. A Secretaria de Estado da Educação informou, entretanto, que ainda não foi procurada oficialmente pela USP Leste, "mas que a pasta está à disposição".

 

A unidade tem cerca de 5 mil alunos de dez cursos de graduação e de sete pós-graduações, além de 500 professores e funcionários. Está previsto para este ano o início do curso de Engenharia da unidade.

 

O retorno às aulas (de reposição) está marcado para segunda-feira, dia 13 – depois de ter sido adiado para que a desinfestação de piolhos de pombo na unidade fosse finalizada. Por causa dos piolhos, as atividades haviam sido interrompidas em 16 de dezembro.

 

Demora. A Congregação da USP Leste (órgão máximo da unidade educacional) e o Conselho Técnico-administrativo do câmpus publicaram ontem nota de "indignação" pelo fato de a Reitoria da Cidade Universitária, mesmo às vésperas da interdição, não ter tomado providências para a continuidade das atividades em local apropriado. "Não há solução para o deslocamento de laboratórios científicos e atividades de pesquisa e extensão", cita a nota.

 

Para o professor Pablo Ortellado, que leciona na unidade, é preocupante que a USP não tenha se antecipado ao prazo final de transferência das atividades. "A liminar pede medida concreta e é drástico que nada foi feito. Não é de um dia para outro que se transfere um laboratório", diz ele, lembrando que há no local até animais vivos usados em pesquisas. "E a universidade está protelando há anos a resolução da situação da unidade."

 

A USP Leste sofre com problemas ambientais desde 2005, ano de inauguração – o solo é contaminado por causa de despejo de drenagem do Rio Tietê. No ano passado, a USP foi autuada e multada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), por problemas com a extração de gases tóxicos e de poluentes em terras que foram descartadas na unidade em 2011.

 

Foi com base no não atendimento das exigências ambientais e na inexistência de diagnóstico sobre o real risco para os frequentadores do câmpus que o Ministério Público pediu à Justiça a interdição do local – o que foi acatado.

 

A USP informou que está trabalhando nas medidas ambientais e também para reverter a decisão de interdição.

 

Fonte: Estadão