Notícias

A expansão do varejo brasileiro em direção ao interior, com cada vez mais lojas de grandes cadeias conectadas à matriz por canais de dados, fez explodir no país a demanda por redes de backup via satélite, que servem de alternativa aos links de comunicação terrestres. Entre janeiro de 2014 e o mesmo mês do ano anterior, a multinacional americana Hughes Communications disponibilizou esse tipo de serviço de contingência para cerca mil lojas espalhadas pelo país. Desde 2011, o mercado da Hughes no segmento de varejo cresceu cinco vezes, a partir de uma base inicial pequena.

“No mês passado, instalamos redes de backup via satélite em 105 lojas”, contabiliza Rafael Guimarães, presidente no Brasil da Hughes, principal fornecedora no mercado mundial de serviços de rede e tecnologia de comunicação via satélite. No país desde 1968, quando seu negócio se resumia à venda de satélites de telecomunicações para a estatal Telebras, a companhia se reposicionou na década passada. A partir de 2003 passou a atuar como operadora focada no mercado corporativo, deixando de lado a venda de hardware (principalmente estações terrenas que fazem a conexão com o satélite).

Atualmente, as linhas de negócios da empresa abrangem desde o setor governamental até as companhias de serviços públicos, passando pelo segmento educacional. Mas foi o varejo quem impulsionou o desempenho da Hughes no Brasil em 2013. “O ano passado foi marcado por um crescimento explosivo”, conta Guimarães. Entre as razões para o resultado positivo, mesmo num ano em que as vendas do comércio tiveram seu menor aumento em uma década, o executivo destaca o avanço das grandes redes varejistas em direção ao interior do país. “Vivemos um momento de descentralização econômica, de movimentação para o interior”, constata Paulo Vicente Alves, professor de Estratégia da Fundação Dom Cabral, destacando o peso econômico do agronegócio na expansão do consumo. “A próxima onda será marcada pela transformação do agronegócio em agroindústria. Isso vai gerar mais renda e emprego no interior.”

Com lojas cada vez mais afastadas dos grandes centros, as redes varejistas necessitam de rotas alternativas de dados para o caso de uma falha em sua rede principal, geralmente interligada à infraestrutura de uma ou mais operadoras de telecomunicações. “Venda não feita por falha de comunicação é venda perdida, principalmente no caso dos varejistas online mas também nas lojas físicas”, diz Fernando Bonfá, docente da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). A ampliação da oferta de meios de pagamento e a popularização deles também contribuiu, segundo o presidente da Hughes para que os varejistas contratassem mais o serviço de redes de backup via satélite. “A desconexão se reflete em prejuízo. Sempre perguntamos ao cliente: quanto custa na sua operação uma hora de loja parada?”, diz Guimarães, que estima entre 1.800 e 2.000 o total de estabelecimentos conectados via satélite, tanto em serviços de contingência como de comunicação de dados pura e simples.

O fato de as filiais de cadeias varejistas estarem ligadas a redes de dados também é essencial para o uso de softwares de gestão, permitindo que dados como o fluxo de caixa e o volume de vendas de uma determinada loja estejam disponíveis na matriz em tempo real. As chamadas obrigações fiscais eletrônicas, como a nota fiscal emitida e enviada via computador, também intensificam a necessidade de uma conexão de stand by, para o caso de eventuais falhas na rede principal.

Para os próximos três a cinco anos, Guimarães aposta que os motores da expansão da Hughes no Brasil serão principalmente os governos estaduais e municipais, as empresas de serviços públicos (especialmente as do setor elétrico) e as próprias operadoras de telecomunicações. “Com a necessidade de levar o sinal do 3G para cidades mais isoladas, muitas operadoras parceiras buscam os nossos serviços de comunicação via satélite, principalmente nos estados da Região Norte do país”, resume o executivo.

Fonte: Ig