Ex-diretor da Petrobras é preso pela Polícia Federal

21/03/2014

Investigado pelo Ministério Público Federal devido à compra da refinaria em Pasadena, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa foi preso ontem pela Polícia Federal, na operação Lava a Jato, sob suspeita de destruir e ocultar documentos.

 

Embora a ação da Procuradoria e a operação da PF tenham focos distintos, a Folha apurou que há a suspeita de que entre os dados supostamente inutilizados estariam papéis sobre a compra da refinaria pela Petrobras.

 

O ex-diretor de Refino e Abastecimento, que ocupou o cargo de 2004 até março de 2012 apadrinhado por um consórcio político formado pelo PP e o PMDB, é alvo da Operação Lava a Jato, que apura um megaesquema de lavagem de dinheiro comandado por doleiros.

 

Já a compra da refinaria em Pasadena, foco da investigação do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, se tornou o centro de uma turbulência política após o Palácio do Planalto afirmar, nesta semana, que a presidente Dilma Rousseff se baseou em um parecer "falho" da Petrobras para aprovar o negócio.

 

A aquisição recebeu em 2006 o aval do Conselho de Administração da Petrobras, na época presidido por Dilma. A estatal desembolsou US$ 1,18 bilhão pela refinaria, apesar de uma empresa belga a ter adquirido em 2005 por US$ 42 milhões.

 

Além do Ministério Público, o caso é investigado pelo Tribunal de Contas da União e pela Polícia Federal, em inquérito específico.

 

Costa foi um dos executivos da Petrobras que elaborou o contrato de compra da refinaria norte-americana.

 

Além da prisão do ex-diretor, a polícia cumpriu ontem mandados de buscas em seis endereços de Costa na Barra da Tijuca e na zona sul do Rio.

 

Na última segunda-feira, quando a PF deflagrou a operação Lava a Jato, Costa já havia sido levado à PF para prestar esclarecimentos, sendo liberado em seguida.

 

Na busca feita na casa do ex-diretor, ontem, a polícia encontrou R$ 751 mil, US$ 181 mil e € 11 mil em espécie (o equivalente a pouco mais de R$ 1,2 milhão).

 

Costa se tornou alvo da Operação Lava a Jato porque ganhou em março do ano passado um jipe Land Rover Evoke, avaliado em cerca de R$ 200 mil, do doleiro Alberto Youssef --apontado pela Polícia Federal como um dos líderes do esquema.

 

Costa diz que o carro foi uma remuneração por serviços de consultoria. Pouco depois de deixar Petrobras, ele abriu uma consultoria e, depois, uma empresa de capital nacional e norte-americano de refinarias pré-moldadas.

 

A Polícia Federal ainda apura qual era a exata relação entre Costa e Youssef, apontado pela polícia como um dos doleiros mais conhecidos do país por causa de sua participação no caso Banestado --remessa ilegal de mais de US$ 30 bilhões para fora do país entre 1990 e começo dos anos 2000.

 

A defesa de Costa disse que sua prisão é injusta. A Folha não localizou os advogados de Youssef para falar sobre o caso. Ele foi preso na segunda-feira.

 

Fonte: Folha de São Paulo