Roubos crescem pela 9.ª vez consecutiva na capital e no Estado de São Paulo

26/03/2014

O Estado e a cidade de São Paulo chegaram, em fevereiro, ao nono mês consecutivo de aumento no número de casos de roubos. Diante disso, o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, admitiu a possibilidade de ajustes no programa de bônus e metas da polícia, anunciado em janeiro. Por outro lado, o governo estadual comemora queda de 3,4% nos homicídios na capital e de 11,3% no Estado.

 

O número de roubos (exceto de veículos) aumentou 47,5% na capital e 37,2% no Estado em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 25, pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Na capital foram 13.166 casos, uma média de 470 por dia; no Estado, foram 25.274 – 902 a cada 24 

 

O programa de metas ainda precisa ser aprovado na Assembleia Legislativa. No entanto, conforme o que foi anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em janeiro, policiais receberiam até R$ 2 mil se os roubos ficassem estagnados em comparação com o primeiro trimestre do ano passado e os homicídios e latrocínios caíssem 7% na mesma comparação.

 

Isso significa que o número de roubos em todo o Estado não poderia passar de 59.252 entre janeiro e março deste ano. Nos dois primeiros meses do ano, já foram 52.261. Por outro lado, a meta dos homicídios e latrocínios é de, no máximo, 1,2 mil casos. No primeiro bimestre foram 818 ocorrências.

 

Grella afirma que o aumento dos roubos foi causado pela liberação do registro de ocorrência pela internet a partir de dezembro, o que teria inflado as estatísticas.

 

"Você pode simplesmente desconsiderar a meta, por exemplo, de roubo neste trimestre", disse o secretário, para exemplificar uma mudança no programa de metas. "Você pode não pagar (o bônus) pelo conjunto do Estado, mas pagar por área. Você não altera o sistema, mas você não deixa de premiar aqueles grupos que tiveram desempenha positivo ", disse o secretário da Segurança.

 

Mesmo com o "efeito delegacia eletrônica", o secretário disse que há uma tendência "inegável" de aumento. Um análise da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da SSP apontou que, sem a influência dos registros online, o crescimento do número de roubos no Estado deveria ter sido de 27%. Segundo Grella, foram registradas 9.867 ocorrências desse tipo pela internet, o que representa 39% dos boletins no mês.

 

A secretaria não informou, porém, qual foi a metodologia usada nessa estimativa. Segundo a pasta, não há nenhum estudo de vitimização (que mede o grau de subnotificação dos crimes) em andamento na Secretaria da Segurança. Grella concorda que não é possível saber se as pessoas que procuraram a delegacia eletrônica registrariam a ocorrência fisicamente, se não houvesse a opção virtual.

 

Combate. Grella diz que o governo está tomando as medidas que terão impacto para reduzir os crimes contra o patrimônio nos próximos meses. O foco será "aumentar a ostensividade e investigação". Para atender esse objetivo, o secretário da Segurança cita medidas como contratação de policiais.

 

Ele calcula que somente cerca de 2% das autorias de roubo em todo o Estado sejam esclarecidas. Uma das estratégias para que a Polícia Civil resolva essa deficiência da investigação é um estudo encomendado à CAP para criar um formulário e ter controle sobre os inquéritos. "Nós estamos trabalhando para que esse dado seja divulgado com clareza", afirmou o secretário.

 

Apesar de atribuir o crescimento de roubos a problema de segurança pública generalizado em todo o País, Grella negou que tentasse isentar a sua administração pela alta nos crimes contra o patrimônio, mas indicou o desejo de penas mais duras para criminosos. "Nós fizemos a lição de casa. Não posso legislar em matéria penal. Isso depende de medidas de caráter nacional."

 

Homicídios. A boa notícia ficou, mais uma vez, com a redução de homicídios. Depois de meses de quedas sucessivas interrompidas por uma leve alta em janeiro, tanto a capital quanto o Estado voltaram a registrar diminuição nos assassinatos.

 

Na cidade de São Paulo, foram 86 casos em fevereiro, o menor índice para o mês desde 2001, quando os dados passaram a ser contabilizados na capital. Já os latrocínios (roubos seguidos de morte) no Estado ficaram estáveis, com 33 casos tanto em fevereiro deste ano quanto do ano passado. Na capital, houve dois casos a menos na mesma comparação: queda de 15 para 13 casos, ou 13,4%.

 

Fonte: Estadão