Posição mundial do Brasil em competitividade cai ainda mais

22/05/2014

Brasil não para de perder posições no ranking mundial quando se trata de capacidade competitiva. Elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral, o Índice de Competitividade Mundial 2014 (World Competitiveness Yearbook - WCY) aponta que o Brasil caiu três posições em relação a 2013, ocupando o 54º lugar no ranking geral composto por 60 países. Trata-se do quarto ano consecutivo em que o país apresenta queda. Em 2010, ocupava o 38º lugar, no ano seguinte caiu para a 44ª posição, em 2012, desceu à 46ª colocação, caindo em 2013 à 51ª. Agora, está à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela.

 

“Esse resultado é lamentável, mas não é surpreendente. Estamos piorando, de fato, pela falta de ação para resolver os nossos problemas de competitividade. Essa situação é consequência de um ambiente regulatório ruim, de não termos avançado nas reformas trabalhista e tributária e da falta de investimentos em infraestrutura”, analisou o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral.

 

Em relação ao ambiente econômico, o resultado indica que a competitividade da economia do país está sendo impactada pelo aumento significativo de preços (54ª posição) e pela baixa participação do Brasil no comércio internacional (59ª posição). Mas a queda mais significativa ocorreu na eficiência empresarial. Em 2014, o país desceu à posição 59 no subfator produtividade, à frente apenas da Venezuela. Na avaliação de Arruda, o desempenho ruim é consequência, especialmente, da falta de avanços em outro campo: a baixa eficiência do governo. Desde 2011, o Brasil está entre os cinco piores países neste fator. “No agronegócio, por exemplo, o Brasil tem um desempenho muito positivo ‘porteira para dentro’, mas quando a mercadoria vai para a estrada, o porto, todas as nossas deficiências transferem-se negativamente para a cadeia produtiva”, considerou.

 

O país ocupa ainda as últimas posições em praticamente todos os indicadores de percepção da qualidade da mão de obra e da educação técnica e fundamental. “Indicadores como o teste de PISA, que avalia a proficiência de jovens de 15 anos em leitura, matemática e ciências (49ª posição), avaliações de línguas estrangeiras, como o Toefel (46ª posição), e o indicador de matrículas em cursos secundários, com pouco mais de 80% da população em idade escolar matriculada nas escolas, reiteram a condição defasada e ineficiente da educação no Brasil. O país também ficou na posição 59 no indicador de infraestrutura de saúde, o que demonstra a carência brasileira neste setor”, destacou o IMD em relatório.

 

No último lugar dos indicadores de opinião sobre a qualidade da infraestrutura rodoviária e logística, o relatório demonstra ainda a preocupação da comunidade empresarial com a oferta futura de energia (54ª posição). A preocupação com a possibilidade de que falte água também é crescente: no ano passado, o Brasil ocupava o 49º lugar entre os países em relação à preocupação com a disponibilidade da água e agora é o 56º.

 

O relatório aponta como aspectos positivos o tamanho da economia doméstica (7ª posição no indicador consumo das famílias), a atração de investimentos diretos (7ª posição) e o emprego (6ª posição). “Estes resultados positivos são significativos, mas, sozinhos, já não sustentam o crescimento do sétimo maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo”, alerta o IMD. O gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, concorda com a análise. O indicador de produção industrial, divulgado quarta-feira pela CNI, ficou em 47,3 pontos em abril. É o sexto mês consecutivo que o índice fica abaixo dos 50 pontos, revelando queda na produção.

 

“É cada vez menor a taxa de crescimento do consumo das famílias. Em 2010, foi de 6,9% e agora está em 2,3%. Essas pessoas se endividaram, colocaram um freio no consumo, o crédito diminuiu por causa do aumento da inadimplência e a inflação está corroendo a renda”, afirmou Fonseca.

 

Fonte: Brasil Econômico