Tentativas de fraudes sobem 74% no país e são comuns em compras nas madrugadas de dias úteis

03/02/2022


Diante dos efeitos da pandemia e do boom do e-commerce no Brasil, a segurança digital vem ganhando cada vez mais atenção na vida das pessoas — especialmente pelo número de fraudes online  envolvendo os mais diversos recursos de pagamentos, como Pix e cartão de crédito.

O e-commerce brasileiro registrou um faturamento recorde em 2021, que totalizou mais de R$ 161 bilhões, alta de 26,9% comparado ao ano anterior.

O número de pedidos aumentou em 16,9% com 353 milhões de entregas, segundo a Neotrust, empresa de segurança e monitoramento online. O ticket médio também registrou alta de 8,6% em 2021 quando comparado a 2020, atingindo média de R$ 455 por compra.

Na mesma direção, as tentativas de fraudes em 2021 aumentaram 74%, aponta o estudo “Mapa da Fraude”, que foi divulgado nesta quarta-feira (02) pela ClearSale, empresa de soluções antifraude.

O estudo analisou mais de 375,5 milhões transações de alguns segmentos incluindo o e-commerce, mas também telecomunicações e mercado financeiro. Somados, o valor das tentativas de fraude chegam a R$ 5,8 bilhões, 61% acima dos R$ 3,6 bilhões registrados em 2020.

“O que estamos observando é que as fraudes estão mais dinâmicas e sofisticadas e são feitas por quadrilhas especializadas que buscam brechas em sistemas de segurança ou na inexperiência de ingressantes. O nível dos criminosos vem aumentando. Aquela história de uma pessoa inexperiente aplicando os golpes não existe mais, o processo está ficando cada vez mais profissional”, diz Marcelo Queiroz, head de Estratégia de Mercado da ClearSale.

E-commerce

Considerando o e-commerce, o estudo mostra as fraudes mais comuns nas compras com cartão de crédito. São chamadas de fraude efetiva, a amigável e a autofraude.

No primeiro caso, o fraudador faz a compra na loja virtual e, na hora de pagar, usa dados roubados de cartões de crédito de outros consumidores. Como os dados são verdadeiros, essa fraude é conhecida também como “fraude limpa”.

Já a segunda fraude acontece quando alguém próximo do titular, como um filho, por exemplo, usa os dados do cartão sem consentimento do dono. Sem saber que isso aconteceu, o titular não reconhece a compra e pede o estorno.

Por fim, autofraude diz respeito a uma compra feita pelo próprio fraudador. O titular efetua a compra com o próprio cartão e, após receber o produto ou serviço, entra em contato com a administradora do cartão para contestar o lançamento na fatura como se não reconhecesse a dívida. O estudo não listou a ordem por quantidade de fraudes.

A categoria de produto mais fraudado segue sendo a dos celulares, com 5,61% da totalidade de compras sob fraudes. Na sequência figuram os produtos eletrônicos (5,11%) e os automotivos (3,13%).

“O aparelho celular oferece grande liquidez no mercado secundário, podendo ser facilmente revendido para gerar lucro rápido, além de ser fácil de transportar. Por isso, ele costuma liderar a lista de produtos com mais tentativas de fraude”, explica Queiroz.

Mercado financeiro

O estudo também mostra um recorte de mercado financeiro, expondo o cenário de fraudes na análise de transações. Foram analisadas 35 milhões de transações relativas a bancos, financeiras, fintechs e administradoras de cartões de crédito, e as tentativas de fraude chegaram a mais de 1 milhão.

Ou seja, 3,30% de todas as transações nesse setor foram de golpes tentados em processos como abertura de contas, emissão de cartões, Pix, empréstimo pessoal e CDC por meios digitais.

Quando as fraudes acontecem?

O estudo também revelou um balanço sobre a hora, dia e mês que as fraudes mais acontecem.

O que se observa é que o período da madrugada ainda é destaque para a maior quantidade de fraudes, mas em relação aos dias da semana já há um equilíbrio maior. Em relação aos meses, Queiroz ressaltou a característica sazonal, incluindo Black Friday e fim de ano, e os meses do segundo semestre aparecem mais entre os que mais apresentam as tentativas de fraude.

Fonte: InfoMoney