NOSSAS RESPONSABILIDADES NO 1º DE MAIO
Luiz Carlos Motta
Luiz Carlos Motta é presidente da Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo, entidade filiada a União Geral dos Trabalhadores (UGT)
26/04/2021
Imagine uma carga horária que chegava até 17 horas por dia, em precárias condições de trabalho e sem direitos. Essa era a realidade dos trabalhadores nos Estados Unidos até 1886, quando os protestos em Chicago se espalharam por todo o país. Houve uma greve geral e começaram os confrontos com a polícia que duraram vários dias. Houve um grande número de mortos e feridos.
Tudo começou num 1º de maio, um sábado chuvoso. A data acabou sendo adotada em vários países como o Dia do Trabalho. Nos Estados Unidos, a celebração é no mês de setembro. Lá, a redução da jornada de trabalho para 8 horas foi efetivada só alguns anos mais tarde.
Na época dos protestos que marcaram a história, o Brasil ainda vivia sob a monarquia e mantinha o regime de escravidão. Os trabalhadores brasileiros, também explorados, fizeram as primeiras manifestações organizadas em 1917 em São Paulo. Com o passar dos anos, as pessoas passaram a se reunir por todo país no dia 1º de Maio, realizando discursos, apresentações musicais, passeatas, e outras atividades. Mas a data foi oficializada somente em 1924, pelo Presidente Arthur da Silva Bernardes, segundo registros do Portal Info Escola.
Luta
As conquistas só foram conseguidas com muita mobilização e muito sofrimento. E mesmo assim, de forma muito lenta. A cada período os trabalhadores brasileiros vêm enfrentando os mais diferentes desafios. Em época de economia forte, a luta era por melhores salários e benefícios sociais que incluíam a família. Na época da inflação alta, o desafio era manter o poder de compra, diante do aumento galopante dos preços, principalmente dos alimentos. Em todas as épocas houve uma luta comum a todas as categorias profissionais: melhorar as condições no local de trabalho.
Hoje estamos diante de um dos cenários mais preocupantes da história. O desemprego já atinge aproximadamente 14 milhões e 500 mil trabalhadores. Muitos dos que estão empregados, tiveram redução dos salários. Os recém-formados, também estão sofrendo com a crise provocada pela pandemia da Covid-19. Segundo o Núcleo Brasileiro de Estágios, a cada dez profissionais que receberam seus diplomas entre 2019 e 2020, cinco estão sem trabalhar e 28% deles, desempregados há mais de um ano.
Responsabilidade
A responsabilidade para encontrar saídas para essa grave crise é de todos nós. Na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos da Câmara dos Deputados, onde sou membro titular, continuo debatendo as principais pautas trabalhistas, combate à precarização das relações do trabalho e defesa dos direitos da classe trabalhadora. As comissões voltaram a funcionar recentemente, depois de um ano paradas em razão da pandemia. Cabe a elas, analisar as propostas a serem discutidas em plenário.
Também tenho me empenhado na aprovação de leis para auxiliar os micro e pequenos empresários a obter financiamentos para que continuem funcionando e, assim, contribuam para a geração de empregos e recuperação dos empregos perdidos.
Vacinas
Os empregos devem ser retomados com a retomada da economia. E para a retomada da economia é preciso reduzir o número de infectados e de vítimas fatais da pandemia. Por isso, tenho defendido maior agilidade na aquisição, distribuição e aplicação das vacinas. Precisamos ter vacinas em quantidade e variedade para imunizar toda a população brasileira, principalmente as que estão na linha de frente dos riscos, como os comerciários, por exemplo. Não temos mais tempo a perder.
Continuamos numa situação de extrema vulnerabilidade. Que este 1º de Maio, inédito, sem as tradicionais celebrações presenciais, sirva de inspiração para enfrentar esses novos desafios. A responsabilidade é de todos pela vacina contra a Covid-19, pela vacina contra o desemprego e pela vacina contra a fome. Nossas palavras de ordem este ano são vacinação, distanciamento social e comida na mesa do brasileiro.