Vacina da Moderna possui 94,5% de eficácia, apontam resultados preliminares

17/11/2020


A empresa de biotecnologia Moderna, Inc., disse, nesta segunda-feira (16), que sua vacina experimental foi 94,5% eficaz na prevenção da Covid-19, de acordo com uma análise preliminar de seu ensaio clínico. A notícia chega uma semana depois que a Pfizer e a BioNTech disseram que sua vacina tinha mais de 90% de eficácia.

Os resultados para ambas as vacinas vêm de análises preliminares de grandes estudos clínicos e ainda não foram publicadas em nenhuma revista científica. O estudo da Moderna de fase três contava com 30 mil voluntários, em que metade recebeu duas doses da vacina com 28 dias de intervalo, a outra metade recebeu duas doses de um placebo no mesmo esquema.

Houve 95 casos de doença Covid-19 entre os participantes do estudo e apenas cinco desses casos estavam no grupo vacinado, enquanto os outros noventa que ficaram doentes estavam no grupo que recebeu o placebo. Destes, ocorreram 11 casos graves da doença.

Os resultados indicam que a vacina está induzindo o tipo de resposta imune que protege as pessoas caso fossem expostas ao coronavírus, já que o número de infectados no “grupo vacina” foi muito menor se comparado ao grupo de controle que recebeu o placebo.

“Esta análise provisória positiva de nosso estudo de Fase 3 nos deu a primeira validação clínica de que nossa vacina pode prevenir a doença Covid-19, incluindo doenças graves”, disse Stéphane Bancel, diretor executivo da Moderna, em um comunicado.

Semelhanças entre as vacinas

As vacinas da Moderna e da Pfizer utilizam a mesma tecnologia para fazer suas vacinas, baseadas em uma molécula conhecida como mRNA, ou RNA mensageiro. Essa molécula contém instruções genéticas para fazer proteínas dentro das células.

Para a vacina, os pesquisadores criaram um mRNA com o código para fazer a proteína spike do coronavírus. A proteína é a chave para as células infectantes do vírus. É também o que pode fazer com que o sistema imunológico de alguém produza anticorpos contra o vírus, mas sem causar infecção, uma vez que o restante do vírus está ausente.

É importante lembrar que só das duas vacinas de mRNA estarem apresentando resultados bons já é algo notável para a ciência como um todo. Isso se dá porque o procedimento de utilizar o mRNA para vacinas é um feito inédito na história humana.

“O fato de mais uma vacina de RNA mostrar proteção inaugura uma nova era de vacinas, com vacinas genéticas que podem ser produzidas muito mais rapidamente. Estaremos menos vulneráveis numa próxima vez”, explicou Natalia Pasternak, pHd em Microbiologia e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), ao InfoMoney

Natalia ainda lembra que é mais fácil sintetizar uma vacina de RNA, já que não há necessidade de cultivar o vírus nem de purificar proteína, basta ter a sequência do vírus. Ainda sim, a cientista vê com bons olhos esse avanço.

Recentemente, após os resultados preliminares da vacina da Pfizer, médicos disseram ao InfoMoney que, embora o anúncio seja animador, esses especialistas ressaltam que o resultado é parcial e a vacina ainda deve demorar para chegar à população – e o mesmo vale para os resultados da vacina da Moderna.

Técnicas parecidas, protocolos diferentes

Os estudos Moderna e Pfizer foram conduzidos usando protocolos ligeiramente diferentes. Para serem contados como um caso Covid-19, os participantes do estudo Moderna precisavam ter pelo menos dois sintomas da doença, além de um teste positivo para o vírus.

O estudo da Pfizer exigiu apenas um sintoma e um teste positivo. Além disso, a Moderna esperou 14 dias após a segunda injeção para começar a contar os casos; O estudo da Pfizer começou a contar a partir de uma semana após a aplicação.

Fonte: InfoMoney