Resiliência do comércio e vacinação impulsiona confiança do setor, diz FGV

31/05/2021


Sinais de resiliência no comércio, em meio à pandemia, aliados à continuidade de vacinação contra covid-19 no país, mesmo que a passos lentos, levaram ao aumento de 9,8 pontos no Índice de Confiança do Comércio (Icom) no mês em maio, para 93,9 pontos, segundo Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). 

Com o aumento, o índice registra o maior patamar desde outubro de 2020 (95,8 pontos). Na prática, após um ano de pandemia , o setor se adapta às restrições causadas pela doença, e opera por alternativas, como o e-commerce, como forma de impulsionar ritmo de vendas, notou o técnico.

Ao detalhar a evolução do indicador em maio, o técnico comentou que houve saldo positivo tanto nas avaliações sobre momento presente quanto nas projeções para o futuro. Nos dois subindicadores componentes, de abril para maio, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 13,3 pontos, maior elevação desde agosto de 2020 (13,6 pontos). Já o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 5,9 pontos, para 93,2 pontos.

O especialista comentou que, diferente do setor de serviços, segmento da economia mais afetado pela economia, o comércio teria mais margem de manobra para lidar com as restrições de circulação social, causadas pela pandemia. 

O técnico lembrou ainda que, em 2020, quando o governo lançou auxílio emergencial em valor maior do que esse ano, de R$ 600 (ante R$ 150 em 2021), as vendas do varejo tiveram impacto positivo, com aumento de consumo impulsionado pelo auxílio.

Ao mesmo tempo, assim como ocorreu com o setor de serviços, a confiança do comércio também foi favorecida por dois fatores: maior abrangência de vacinação contra covid-19, e menor cadência de restrições de circulação social, em maio, ante meses anteriores. "É claro que as vendas on-line ajudam [a manter em alta a confiança do setor]", considerou. "Mas muitos outros setores dependem mais de lojas físicas" lembrou ele, citando vestuário, veículos, motos e peças.

Quando questionado sobre continuidade de alta do Icom, o especialista foi cauteloso. Ele admitiu que o índice pode continuar a subir, mas fez uma ressalva: é fundamental que ocorra recuperação mais robusta, no mercado de trabalho, para que novos aumentos ocorram no índice. 

Outro aspecto mencionado por ele é a evolução da pandemia: caso ocorra uma terceira onda da doença, conforme sugerem alguns especialistas, isso derrubaria a confiança do setor. "O indicador vai continuar a subir se continuarmos a ter notícias favoráveis em junho", resumiu.

Fonte: Valor Econômico