Vendas do varejo caem 7% e têm pior trimestre desde 2001, diz IBGE

11/05/2016


As vendas do comércio varejista caíram 7% nos três primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2015, marcando o pior resultado trimestral de toda a série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, que nesse tipo de comparação teve início em 2001. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, as vendas recuaram 3,2%, segundo informou nesta quarta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Somente em março, as vendas tiveram retração de 0,9% ante fevereiro, na série com ajuste sazonal, puxadas por uma queda de 1,7% nos supermercados. O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que esperavam desde uma queda de 1,60% a crescimento de 0,76%, com mediana negativa de 0,60%. 

 

Na comparação com março de 2015, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 5,7% em março de 2016. Nesse confronto, as projeções iam de declínio de 2,70% a 6,60%, com mediana negativa de 4,60%. Em 12 meses, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 5,8%.

 

Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 1,1% em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com março de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 7,9% em março de 2016. Nesse confronto, as projeções variavam de retração de 5,30% a 11,70%, com mediana negativa de 6,80%.

 

Até março, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 9,4% no ano e recuo de 9,6% e 12 meses.

 

Setores. As vendas dos supermercados encolheram 1,7% em março ante fevereiro, principal influência sobre o recuo de 0,9% nas vendas do varejo no período. "Tem um perfil generalizado de queda entre as atividades. É um resultado negativo geral, que não está concentrado numa atividade, mas que tem forte influência de supermercados. Isso reflete não só a perda real da renda, que tem impacto direto no consumo no setor supermercadista, mas também tem impacto da evolução de preços de alimentos, que no mês de março, subiu acima da taxa de inflação", justificou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

 

Entre as oito atividades do varejo restrito, seis tiveram retração nas vendas. Outros destaques foram as perdas de móveis e eletrodomésticos, com recuo de 1,1% em março após alta de 6,1% em fevereiro, e combustíveis e lubrificantes, com redução de 1,2% em março após avanço de 0,3% em fevereiro. Os demais recuos no volume vendido foram em tecidos, vestuário e calçados (-3,6%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%).

 

Na direção oposta, as atividades que mostraram aumento de vendas na passagem de fevereiro para março foram equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%).

 

No varejo ampliado, que inclui os setores de veículos e material de construção, também houve impacto da acentuada queda dos supermercados. As vendas recuaram em oito das dez atividades pesquisadas, o que levou o varejo ampliado a uma retração de 1,1% em março ante fevereiro, resultado negativo mais intenso do que os registrados por veículos e motos, partes e peças (-0,5%) e material de construção (-0,3%).

 

Revisões. O IBGE revisou o resultado das vendas no varejo em fevereiro ante janeiro, de 1,2% para 1,1%. O resultado de janeiro ante dezembro de 2015 também foi revisto, de -1,9% para -2,0%, enquanto o de dezembro ante novembro passou de -2,3% para -3,2%; e o de novembro ante outubro saiu de 0,3% para 1,7%. 

 

No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o resultado de fevereiro ante janeiro foi revisto de 1,8% para 1,4%; o de janeiro ante dezembro passou de -1,5% para -2,0%; e o de dezembro ante novembro saiu de -0,8% para -0,9%. 

 

Fonte: Estadão