AB InBev tem forte queda no lucro e não prevê crescimento no Brasil

01/08/2016

A multinacional de bebidas e cervejas Anheuser-Busch InBev (AB InBev) relatou nesta sexta-feira, 29, um lucro líquido de US$ 152 milhões no segundo trimestre deste ano, muito inferior ao verificado em igual período de 2015, quando a empresa registrou ganho de US$ 1,93 bilhão. O resultado foi prejudicado por uma despesa adicional de US$ 1,77 bilhão relacionada a uma operação de hedge cambial (proteção das variações do dólar), em meio à fusão de mais de US$ 100 bilhões com a SABMiller.

 

No fim de 2015, a companhia que controla a Ambev no Brasil e tem sede na Bélgica, fez uma operação de hedge no valor de 45 bilhões de libras (US$ 59,31 bilhões) em face da transação, numa média de US$ 1,53 por libra. Após o Reino Unido votar por sua saída da União Europeia, no mês passado, a libra perdeu força ante o dólar, caindo para US$ 1,33 por libra em 30 de junho, data de fechamento do segundo trimestre da AB InBev.

 

A Ambev também revisou para baixo sua expectativa para as vendas no Brasil este ano. A fabricante de bebidas não mais prevê crescimento e agora espera que a receita líquida no Brasil fique estável em 2016 ante o ano anterior. No início deste ano, a projeção da Ambev era de crescimento entre um dígito médio e um dígito alto.

 

Em sua divulgação de resultados do segundo trimestre de 2016, a Ambev afirma que o ano tem sido desafiador, sobretudo para a venda de cerveja no País. "Não estamos satisfeitos com a velocidade de nossa recuperação, e tampouco com os resultados alcançados no primeiro semestre", diz a companhia no documento.

 

Depois de ter admitido perda de market share em cerveja no Brasil no primeiro trimestre, a Ambev afirmou que a tendência para a participação de mercado melhorou em relação aos primeiros três meses do ano. Apesar disso, a fabricante diz que sua fatia de mercado continua menor do que era em 2015.

 

A empresa comenta ainda que o cenário macroeconômico segue desafiador no Brasil. "Temos notado alguns sinais de estabilização do cenário macroeconômico, com desaceleração da inflação e melhora sequencial da confiança do consumidor, mas o desemprego crescente deve continuar a pressionar a renda disponível no curto prazo", conclui.

 

O desempenho do trimestre foi afetado por queda no volume de cerveja no Brasil, compensado por um aumento de receita por hectolitro em razão da participação das cervejas premium. Nas operações internacionais, a companhia destaca o cenário mais difícil da Argentina, onde reformas estruturais "continuam a pressionar renda disponível e consumo".

 

A Ambev alterou também sua projeção para o Custo do Produto Vendido (CPV) no Brasil. Agora, a empresa espera que este custo cresça menos. No início do ano, a expectativa era de que o CPV no Brasil aumentasse entre 13% e 17% em 2016, mas agora a Ambev acredita que o custo, excluindo depreciação e amortização, vá crescer entre um dígito médio e um dígito alto.

 

Segundo a companhia, a expectativa de um crescimento menor dos custos se justifica pela maior participação no total das vendas das bebidas em garrafas de vidro retornáveis. A companhia manteve inalteradas suas projeções para as despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) e para os investimentos no Brasil. A Ambev projeta crescimento de um dígito baixo este ano no SG&A, excluindo depreciação e amortização, e Capex no Brasil inferior aos níveis de 2015. 

 

As operações da Ambev na América Latina Sul (LAS), região composta por países como Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai, apresentaram um recuo de 19,8% no volume de vendas no segundo trimestre de 2016 ante o mesmo período do ano passado. O efeito foi provocado por retração na Argentina e pela saída da Ambev do negócio de refrigerante no Peru, disse a empresa.

 

Fusão. A expectativa da AB InBev é de que o acordo com a SABMiller seja concluído no segundo semestre deste ano. A confirmação do negócio deve impulsionar o acesso da gigante cervejeira ao crescente mercado africano e reduzir a dependência da companhia em relação ao mercado norte-americano, onde as vendas da Budweiser e da Bud Light não têm apresentando bom desempenho.

 

Fonte: Estadão