Investimento colaborativo avança e vira opção ao pequeno investidor

14/11/2016


Seja no financiamento de uma hamburgueria ou de campanha política, o crowdfunding está se popularizando no Brasil. Mas o que muitos desconhecem é que existe uma evolução da ‘vaquinha virtual’ mais interessante quando o assunto é negócios: o investimento colaborativo.

 

A modalidade, chamada de equity crowdfunding, tem apenas dois anos e dois mil investidores por aqui. Já foram captados R$ 14,3 milhões para 43 startups. Na modalidade, as startups lançam seus projetos e os investidores podem comprar participações via plataformas online a partir de R$ 1 mil. Cada empresa tem captado, em média, R$ 330 mil.

 

Os retornos são de médio e longo prazos e o investimento é de alto risco, mas tem seus atrativos. A modalidade é vista como uma oportunidade de diversificar a carteira e ingressar no universo das startups sem colocar todo o dinheiro e suor. “Sem a plataforma de equity, é muito difícil entrar nesse mercado, que na maioria é formado por ‘investidores anjos’, que são muito ricos”, diz Frederico Rizzo, da plataforma Broota.

 

Além dessas vantagens, o investidor Bruno César, engenheiro civil, destaca a “grande capacidade de análise” que ganhou ao ingressar na modalidade. “Já vejo com mais velocidade quais negócios podem dar certo ou não.” Bruno aplica em renda fixa, fundos e ações, mas foi no equity crowdfunding que teve contato com investidores estrangeiros e ampliou seu conhecimento.

 

Renato Miralla já era empreendedor e entrou no investimento colaborativo por saber da dificuldade que é iniciar um negócio. Hoje, investe na startup Impact Hub, um espaço de coworking para empreendedores voltados a causas sociais. “Ainda não tive retorno, mas elas já abriram a 2.ª loja e têm números animadores”, diz.

 

Estreia. O Urbe.Me, plataforma de crowdfunding imobiliário, acaba de fazer sua primeira distribuição de rendimentos. O empreendimento Libres, da construtora gaúcha Rotta Ely, arrecadou recursos de 145 investidores que receberam, na primeira quinzena de outubro, 22% do valor investido. Na prática, quem investiu R$ 1 mil, recebeu R$ 220. Paulo Deitos, sócio do Urbe.Me, explica que o retorno pode ocorrer em até 36 meses. “Apostar em negócios mais familiares, como o mercado imobiliário, pode ser uma boa opção para começar”, diz.

 

Ciente dos receios e diante de um cenário onde reinam os títulos mais conservadores, as plataformas de equity crowdfunding têm buscado estratégias para atrair pessoa física, como as rodadas lideradas por fundos de investimento pequenos, chamados de capital semente, que investem de R$ 100 mil a R$ 300 mil.“É mais seguro para o pequeno investidor, porque já existe um profissional que fez uma análise mais fria do negócio”, explica Diego Perez, da plataforma de equity StartMeUp.

 

O fundo também pode futuramente vender sua participação para outros investidores e fazer acordos com fundos maiores, de venture capital.

 

Mesmo com essas facilidades, é preciso cautela. “É um investimento arriscado porque não há fórmula mágica para fazer o negócio dar certo”, explica Rizzo.

 

“É preciso ter confiança mútua”, diz Francisco D’Orto, da área de avaliação de empresas da Crowe Horwath. Como essas empresas são pequenas e não têm estrutura de gestão robusta, D’Orto aconselha exigir métricas para acompanhar o andamento do negócio e verificar o histórico do empreendedor.

 

Esse é um dos mantras do investidor Bruno Césara: “É melhor ter um negócio ruim na mão de um bom empreendedor do que um bom negócio na mão de um mau empreendedor”.

 

Fonte: Estadão