Apesar de pontuação menor, Brasil sobe em ranking de proficiência em inglês

16/11/2016

Brasil subiu uma posição no Índice de Proficiência em Inglês (EPI, na sigla em inglês) da EF Education First, empresa de educação internacional especializada em intercâmbio, divulgado na manhã desta quarta-feira (16). Depois de sair do top 40 na edição do ano passado, o Brasil subiu da 41ª para a 40ª posição na lista, que mediu o domínio do inglês de 950 mil adultos em 72 países. Porém, os brasileiros viram sua pontuação absoluta cair, e ainda continuam dentro da categoria de "proficiência baixa". Além disso, neste ano, o Brasil ficou na última colocação na comparação com os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

 

Feito anualmente, o levantamento mede o dominío de gramática, vocabulário, leitura e compreensão de adultos que não têm inglês como língua nativa.

 

Neste ano, sete países alcançaram pontuação suficiente para serem considerados de proficiência "muito alta": Holanda, Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Cingapura e Luxemburgo. Na América Latina, o país onde os adultos demonstraram o maior nível de domínio do inglês foi novamente a Argentina, que está na categoria de proficiência alta, na 19ª posição no ranking geral (veja a lista completa ao final da matéria).

 

Histórico do Brasil

Nas últimas cinco edições do índice, o Brasil tem registrado uma pontuação oscilante. Há quatro anos o país segue estagnado na categoria de proficiência "baixa", depois de, em 2012, despencar 15 posições e ser "rebaixado" para a categoria de proficiência "muito baixa".

 

Veja a evolução do índice de proficiência em inglês do Brasil desde 2012, segundo a EF Education First (Foto: Editoria de Arte/G1)

 

Neste ano, o Brasil é o quinto país da América Latina em nível de domínio da língua inglesa, atrás da Argentina, da República Dominicana, que ficou na 23ª colocação, do Uruguai (36ª posição) e Costa Rica (38ª posição).

 

Políticas públicas

De acordo com Rachel Baker, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento de Linguistica Aplicada da EF Education First, um dos motivos para a Argentina se destacar dos demais países latino-americanos é o fato de, há cerca de uma década, o país ter determinado a obrigatoriedade do ensino de inglês nas escolas. No Brasil, o ensino de uma língua estrangeira é obrigatório a partir do sexto ano, mas as escolas têm a liberdade de escolher essa língua.

 

A medida provisória editada pelo governo federal em setembro para reformar o ensino médio pretende mudar isso, e fazer com que, a partir do primeiro ano do ensino médio, o inglês se torne a língua estrangeira obrigatória e o espanhol seja "preferencialmente" a segunda língua estrangeira oferecida pelas escolas.

 

Mas, além de aumentar o número de estudantes tendo aulas de inglês, Rachel diz que outro investimento importante para que o Brasil consiga um "crescimento real" é o treinamento de professores. "Eu diria que, para que o Brasil tenha um crescimento real da pontuação é preciso que haja mudanças substanciais na maneira como o inglês é ensinado à maioria das crianças do país. Os professores não estão sendo necessariamente bem treinados na língua inglesa, na parte pedagógica, no currículo."

 

Há países que, para driblar essa escassez, apostam na tecnologia. É o caso do Uruguai que, segundo Rachel e Luciano Timm, vice-presidente de Relações Institucionais e Acadêmicas da EF no Brasil, conseguiram garantir que mais de 90% das escolas primárias tivessem conexão à internet e acesso a aulas de inglês com profissionais qualificados localizados em outras partes do mundo.

 

Outros exemplos citados por Rachel são a Colômbia, que está treinando cerca de 12 mil professores e também investe em aulas de inglês para estudantes universitários, e o Panamá, que tem um programa de intercâmbio em países anglófonos para professores de inglês. Ambos os países ainda estão na categoria de proficiência "muito baixa", mas a poucos pontos de entrar na mesma categoria que o Brasil.

 

Mas, além das políticas públicas, a diretora da EF afirma que existe uma forte correlação entre o nível de proficiência em inglês de um país e outros índices internacionais, como o de renda per capita, de desenvolvimento humano, de pesquisa e desenvolvimento, de exportação de alta tecnologia e de inovação. "A habilidade de falar inglês é essencial para essas atividades", diz ela.

 

Estados brasileiros

Internamente, o Brasil mostra que a proficiência em inglês é distribuída de forma desigual: só em dois estados (Distrito Federal e Rio Grande do Sul) a proficiência atingiu a categoria "moderada"; em nove estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Ceará e Pernambuco), a proficiência é "baixa" e, em oito, é "muito baixa": Espírito Santo, Goiás, Pará, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Amazonas e Mato Grosso. Neste ano, o índice EF não foi realizado no Acre, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e no Tocantins.

 

Entre os bons exemplos do país, Luciano Timm cita progressos registrados no Distrito Federal, que tem um programa de viagens ao exterior de alunos da rede pública acompanhados de professores, e outras iniciativas nas escolas técnicas de São Paulo, na rede estadual de Pernambuco e na cidade de Fortaleza.

 

Domínio do inglês é desigual entre os estados do Brasil, segundo o índice EF Education First (Foto: Reprodução/EF Education First)

 

Metodologia

O EPI é um estudo anual da EF que analisa informações sobre o resultado de um teste de proficiência em inglês realizado por adultos de 18 a 60 anos pela internet. O teste é gratuito e destinado a qualquer pessoa interessada em testar seu nível de domínio da língua, ou seja, o público não é necessariamente composto de estudantes de inglês.

 

Neste ano, os resultados de 950 mil adultos em 72 países entraram na análise. A EF deixa de fora do estudo países onde não foi possível obter uma quantidade mínima de participantes do teste. Na edição de 2016, cinco países que estavam na edição de 2015 ficaram de fora: Eslovênia, Estônia, Iêmen, Letônia e Lituânia. Outros sete países que não apareceram na edição do ano passado foram incluídos na lista deste ano: Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Filipinas, Laos, Macau, Sérvia e Tunísia.

 

Veja a lista completa abaixo:

Países com proficiência "muito alta", segundo o EPI 2016:

1º) Holanda (72,16)

2º) Dinamarca (71,15)

3º) Suécia (70,81)

4º) Noruega (68,54)

5º) Finlândia (66,61)

6º) Cingapura (63,52)

7º) Luxemburgo (63,20)

Países com proficiência "alta":

8º) Áustria (62,13)

9º) Alemanha (61,58)

10º) Polônia (61,49)

11º) Bélgica (60,9)

12º) Malásia (60,7)

13º) Filipinas (60,33)

14º) Suíça (60,17)

15º) Portugal (59,68)

16º) República Tcheca (59,09)

17º) Sérvia (59,07)

18º) Hungria (58,72)

19º) Argentina (58,4)

20º) Romênia (58,14)

Países com proficiência "moderada":

21º) Eslováquia (57,34)

22º) Índia (57,3)

23º) República Dominicana (57,24)

24º) Bulgária (56,79)

25º) Espanha (56,66)

26º) Bósnia e Herzegovina (56,17)

27º) Coreia do Sul (54,87)

28º) Itália (54,63)

29º) França (54,33)

30º) Hong Kong (54,29)

31º) Vietnã (54,06)

32º) Indonésia (52,94)

33º) Taiwan (52,82)

Países com proficiência "baixa":

34º) Rússia (52,32)

35º) Japão (51,69)

36º) Uruguai (51,63)

37º) Macau (51,36)

38º) Costa Rica (51,35)

39º) China (50,94)

40º) BRASIL (50,66)

41º) Ucrânia (50,62)

42º) Chile (50,1)

43º) México (49,88)

44º) Marrocos (49,86)

45º) Peru (49,83)

46º) Emirados Árabes Unidos (49,81)

47º) Equador (49,13)

48º) Paquistão (48,78)

Países com proficiência "muito baixa":

49º) Colômbia (48,41)

50º) Panamá (48,08)

51º) Turquia (47,89)

52º) Tunísia (47,7)

53º) Guatemala (47,64)

54º) Cazaquistão (47,42)

55º) Egito (47,32)

56º) Tailândia (47,21)

57º) Azerbaijão (46,9)

58º) Sri Lanka (46,58)

59º) Catar (46,57)

60º) Venezuela (46,53)

61º) Irã (46,38)

62º) Jordânia (45,85)

63º) El Salvador (43,83)

64º) Omã (43,44)

65º) Kuwait (42,98)

66º) Mongólia (42,77)

67º) Argélia (41,6)

68º) Arábia Saudita (40,91)

69º) Camboja (39,48)

70º) Laos (38,45)

71º) Libia (37,82)

72º) Iraque (37,65)

 

Fonte: G1