Governo avalia liberar R$ 1,3 bilhão para reter empregos

18/11/2016


O Ministério do Trabalho encaminhou à Casa Civil um texto para uma medida provisória que libera R$ 1,3 bilhão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e o torna permanente, diz o ministro Ronaldo Nogueira.

 

O presidente Michel Temer recebeu Nogueira para tratar do tema nesta quinta-feira (17). A previsão era que o programa terminasse neste ano. O valor até agora foi de R$ 170 milhões. São 116 empresas, a maioria do setor automotivo.

 

"Vamos simplificar e desburocratizar o acesso para que mais setores possam aderir", afirma ele.

 

Os empregadores que entram no PPE reduzem a jornada e o salário dos empregados, mas o governo compensa a perda financeira deles. As companhias ficam proibidas de demitir.

 

"É uma espécie de seguro-emprego para que a empresa mantenha o vínculo. A ideia é incentivar a indústria para diminuir a vontade dela de dispensar", afirma.

 

O cálculo é que, em quatro anos, o PPE preserve 200 mil postos, com 25% a menos de gastos que o do seguro-desemprego a um contingente de mesma proporção.

 

Os recursos previstos são do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

 

REFORMA

A mudança da legislação trabalhista deverá acontecer no segundo semestre do ano que vem, diz o ministro, a não ser que entidades patronais e de empregados cheguem a um consenso antes disso.

 

"Precisamos quebrar alguns paradigmas. Não podemos mais ter a visão de luta de classes. A prerrogativa do MTE é promover políticas de proteção ao trabalhador, ao empresário, ao celetista, ao autônomo, ao rural."

 

A ideia da reforma trabalhista é trazer segurança jurídica, aumentar o número de vagas e preservar direitos, frisa Nogueira.

 

O QUE MUDA

PPE - Programa de Proteção ao Emprego

 

Como é

> Jornada e salário dos trabalhadores são reduzidos em até 30%

> Governo compensa até 50% da perda salarial

> Empresa não demite sem justa causa durante o período em que participa do programa e um terço desse tempo após o fim

 

Estatísticas atuais

> R$ 169 milhões

> 116 empresas

> 63.345 trabalhadores

> R$ 2.673 para cada um

> 5,6 meses de tempo médio

 

Alterações previstas

> Verba de R$ 1,3 bilhão

> Será contínuo

> Atenderá outros segmentos, além da indústria

 

De grão em grão

O Grupo 3 Corações vai investir R$ 25 milhões em uma marca de cafés especiais em grãos, torrados e moídos, afirma o presidente da companhia, Pedro Lima.

 

A linha será produzida em um anexo, em construção, da fábrica da empresa em Belo Horizonte. A conclusão das obras está prevista para o primeiro semestre do ano que vem.

 

"A participação desse nicho ainda é pequena no Brasil, mas há oportunidade de crescimento futuro."

 

A escassez do café conilon no mercado, decorrente da quebra de safra no Espírito Santo, teve impacto limitado para a companhia, segundo o executivo.

 

"Ele representa, em média, 30% do nosso blend, então não afeta tanto. Não mudamos a proporção, para evitar a perda de clientes, mas parte do aumento de preço foi repassado."

 

Neste ano, o grupo prevê ampliar seu faturamento em 20,7%, resultado que deverá ser impulsionado pelo aumento de vendas (4,5%), o reajuste dos preços e pela aquisição das marcas da Cia Iguaçu de Café Solúvel.

 

R$ 2,9 bilhões

faturou a 3 Corações em 2015

 

5 fábricas

e 25 centros de distribuição têm a companhia

 

5,1 mil funcionários

trabalham na empresa

 

Fonte: Folha de S.Paulo