Ricardo Patah discursa na 11º reunião do Conselho Geral da CSI

10/10/2013

Presente a 11º reunião do Conselho Geral da CSI, que esta sendo realizada em Bruxelas, na Bélgica, representando os mais de 7 milhões de trabalhadores brasileiros, filiados aos sindicatos da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o presidente Ricardo Patah, fez um discurso onde aponta que o do sistema financeiro destruiu milhares de emprego no mundo.

 

Leia a integra do discurso 

 

Companheiros e companheiras da CSI,

 

Está na hora de o movimento sindical reconhecer que o mercado de trabalho está sendo influenciado por vários fatores, e a política de Governo é apenas um deles. Não podemos esquecer que as multinacionais têm determinado o cenário econômico, político, social e ambiental em cada canto do mundo. E, são indiretamente responsáveis por milhões de empregos. Segundo a OIT, 65.000 multinacionais empregam mais de 90 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Significa um trabalhador em cada 20 da força de trabalho em nível mundial.

 

Por isso, o movimento sindical precisa de novas propostas de organização para recuperar seu papel enquanto ator social relevante.

 

Do nosso ponto de vista, neste cenário de grandes impactos e muitas incertezas cabe aos sindicatos propor ações concretas, para transformar conhecimento em intervenção se quisermos resgatar a capacidade reivindicatória dos trabalhadores.

 

Não bastasse isso, a indústria financeira, que quase sozinha destruiu dezenas de milhões de empregos, parece estar mais uma vez tendo sucesso em convencer os governos de que, a não ser que seus poderes sejam restaurados, o crescimento econômico será mais lento. Isso foi entendido como diminuição na criação de postos de trabalho e mais, é possível perceber que o mercado de trabalho não é influenciado somente pela tecnologia e globalização, mas, que os governos estão reféns dessas empresas.

 

Quando falamos em criação de postos de trabalho, não devemos nos esquecer que empregos estão sendo criados e destruídos todos os dias. Empresas estão sendo criadas e destruídas a uma taxa alarmante. Aqueles que foram destituídos da condição de glória, são os que resisitiram às mudanças. Recentemente, o DOW Jones excluiu ícones conhecidos pela baixa performance, como Bank of America, Alcoa e Hewlett Packard e adicionou como alto valor agregado financeiro empresas como Nike, Goldman Sachs e VISA. No entanto, é bom que se diga que o número de empresas industriais citadas no Dow Jones representam menos de 21%.

 

Finalmente, foi dado a entender que o Mercado de trabalho consistirá daqueles que conseguem trabalhar com tecnologias sofisticadas e aqueles que serão substituídos por elas.

 

As novas tecnologias possibilitam mais liberdade e flexibilidade, permitindo que as pessoas trabalhem de qualquer lugar, a qualquer hora e com qualquer dispositivo. Desta maneira, empresas estão lutando para lidar com empregados perfeitamente conectados, colaborativos e móveis. Isto também dificulta a ação sindical porque rompe com os laços de solidariedade entre os trabalhadores. Para se ter uma ideia do que estamos falando, milhares de jovens no Brasil foram às ruas mobilizados pelas redes sociais, pelas novas tecnologias. Os sindicatos precisam alcançar este nível de mobilização se quisermos chegar a todos os trabalhadores e trabalhadoras.

 

Os sindicatos terão de encontrar seu lugar neste ambiente de rápidas mudanças. Não há dúvida de que os sindicatos precisam se educar a respeito do significado de tais mudanças para seu próprio futuro ou ser relegado a uma condição de não relevante. A questão que precisa ser respondida é como manter nossa relevância no século 21.

Estarão os sindicatos destinados a representar somente os não empregáveis?