Startup que financia energia solar a consumidores recebe R$ 160 milhões

24/06/2021


Hidrelétricas em baixa, termelétricas em alta: o resultado é que o consumidor de energia elétrica tem visto uma conta de luz cada vez mais cara. Essa crise gera oportunidades para startups que defendem maneiras de economizar na conta atual, ou mudar para uma conta completamente diferente.

O segundo caso é o da Solfácil. A startup de serviços financeiros defende trocar a mensalidade da energia elétrica por um painel fotovoltaico parcelado.

Essa fintech de financiamento da energia solar acabou de ganhar mais um impulso para sua proposta. A Solfácil anunciou nesta quarta-feira (23) a captação de R$ 160 milhões. O aporte será fundamental para a fintech crescer dez vezes sobre 2020, ampliando a carteira de crédito para R$ 1 bilhão neste ano. Atualmente, são mais de 10 mil clientes e R$ 300 milhões em painéis fotovoltaicos financiados.

Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com o fundador Fabio Carrara sobre o setor de energia solar e o crescimento da Solfácil. O mercado tem dado saltos nos últimos anos, mas a oportunidade continua grande. Segundo dados coletados pelo empreendedor na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 0,6% das unidades consumidoras brasileiras tem tecnologia de energia solar atualmente. Em países como a Austrália, a penetração chega a 25%.

Como funciona a energia solar distribuída

A Solfácil foi fundada pelo engenheiro Fabio Carrara em 2018. Carrara começou sua carreira há 15 anos, como consultor estratégia no Boston Consulting Group. Um MBA na Universidade de Wharton acendeu seu interesse pelo empreendedorismo. De volta ao Brasil, Carrara tornou-se diretor em um fundo alemão de venture capital. O estudo de um negócio de geração de contatos de clientes (leads) fez o diretor perceber o mercado de painéis fotovoltaicos.

“Pesquisei sobre a energia solar distribuída e vi que ela era comum na Austrália, na Europa e nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Brasil é o melhor país para esse mercado: tem uma energia elétrica cara, mas muito sol e mão de obra relativamente barata. São fatores que permitem a expansão da energia solar distribuída”, diz Carrara. Na energia solar distribuída, os usuários geram luz para consumo próprio.

O diretor virou empreendedor em 2015. Fundou a Solstar, uma empresa que desenhava projetos e instalava painéis fotovoltaicos em estabelecimentos comerciais e residenciais. “Aprendi sobre a cadeia de suprimentos, sobre a tecnologia e sobre as necessidades do consumidor final. Ficou claro que o grande gargalo era fazer o investimento inicial nos painéis, e as fintechs estavam crescendo no Brasil”.

Após um investimento semente de R$ 4 milhões, captado em 2018, nasceu a Solfácil. A fintech pretende trocar o custo atual da energia elétrica pelo investimento em energia solar, concedendo financiamentos de até dez anos para aquisição de painéis fotovoltaicos.

A Solfácil atua em modelo B2B2C: agentes locais de projeto e instalação de painéis oferecem o financiamento da fintech aos consumidores finais. A Solfácil tem mais de 5 mil parceiros em mais de mil municípios. “O financiamento é uma ferramenta de venda para essas empresas, já que investimento inicial é o grande gargalo”, diz Carrara. É uma relação similar entre empresas de crédito automotivo e concessionárias, por exemplo.

Fonte: InfoMoney