Alemanha derrota Argentina e é tetra com gol na prorrogação

14/07/2014

Os alemães vieram ao Brasil para fazer história no futebol. Conquistaram a sua quarta Copa do Mundo, consagraram-se como a primeira seleção europeia a levantar a taça na América e ainda imortalizaram Miroslav Klose como o maior artilheiro da história da competição com 16 gols, pulverizando o recorde de Ronaldo. E, para fechar a página, deixaram Messi fora da festa na sua terceira tentativa de conquistar o Mundial. Uma façanha de um gigante que se igualou com a Itália e está a um título do Brasil.

 

Não se pode esquecer que esta mesma Alemanha impôs à anfitriã seleção brasileira a pior derrota (7 a 1) da história do time nacional. Não é para qualquer um. É para poucos.

 

Os alemães perseguiam a taça desde 1990, quando bateram a mesma Argentina pelo mesmo placar de ontem: 1 a 0 - gol de pênalti de Brehme. Agora, quem garantiu o título foi Mario Götze, autor do gol solitário no segundo tempo da prorrogação diante de 74.738 torcedores no Maracanã.  Até o gol o jogo não tinha dono. A Alemanha, nessa sua nova toada, era dominante com a posse da bola, mas não tinha o controle da partida. 

 

Do outro lado, a Argentina se segurava com muita eficiência na defesa, mas pouco atrevida no ataque. Viveu à espera de um repente de Messi que, mesmo sem luzir, deu algum brilho ao time argentino. Nos 90 minutos, antes da extenuante prorrogação, a Alemanha em nenhum momento abdicou de seu estilo. Joachim Löw sustentou o jeito de o time jogar mesmo ao perder o volante Khedira, que sentiu dores musculares durante o aquecimento.

 

Sem Khedira, Löw sacrificou Schweinsteiger na marcação e recuou um pouco Kroos. O time perdia força, mas ganhava mais toque de bola e pontadas agudas no ataque. Quando Kramer se machucou, aos 31 do primeiro tempo, Löw foi inteligente ao optar por Schürrle, que foi jogar na ponta-esquerda em cima de Zabaleta, o lateral argentino que ficou impedido de atacar. Outra boa tacada de Löw foi trocar Klose, já reverenciado pelos 16 gols, pelo meia Mario Götze, que entrou para dar oxigênio ao time quando o jogo caminhava para a prorrogação.

 

Pode ser coincidência, mas foi de uma jogada de Schürrle pela esquerda que nasceu o gol consagrador de Götze - os dois haviam entrado para tirar o conforto defensivo da Argentina. Ponto para Löw. O mesmo não se pode dizer de Alejandro Sabella. Perdeu Lavezzi, o melhor do time no primeiro tempo, por falta de fôlego na segunda etapa. Optou por Agüero, mas o atacante nem de longe se matou como Lavezzi.

 

Depois trocou o eficiente Higuaín, atordoado com uma dividida com Neuer, por Palacio, apenas um esforçado atacante que destruiu quase tudo que Messi teimava em construir. Mais tarde, Sabella lançou o volante Gago ao jogo com a clara intenção de levar a história para os pênaltis.

 

As mudanças de Sabella não deram resultado. Os argentinos não conseguiram tirar a bola dos alemães, apesar de criarem algumas poucas chances de gol. A melhor delas aconteceu ainda no primeiro tempo quando Higuaín ficou com o filé de um erro na saída de bola alemã e, livre, chutou torto como um principiante. Em outros lances de perigo da Argentina, Neuer provou porque é sem dúvida o melhor goleiro do mundo, apesar da dividida absurda com Higuaín.

 

Com Neuer como um paredão, uma zaga sólida, a disposição incomum de Schweinsteiger, a luta interminável de Müller e a dobradinha improvável de Schürrle e Götze, a Alemanha não tinha do que reclamar. Diferentemente da Argentina que colecionou volantes e não deu um parceiro para dividir a inteligência com Messi.

 

EMOÇÃO

Apenas em um aspecto do jogo a Alemanha não foi superior: nas arquibancadas. Empurrada por brasileiros, a torcida alemã teve de dividir a emoção com os argentinos, que em nenhum momento se mostraram inferiores.  A disputa para ver quem cantava mais forte e empurrava seu time começou nas primeiras horas da tarde e acabou quando Götze fez o gol da história. Naquele momento os de azul e branco murcharam em lágrimas. E os alemães assumiram o controle do Maracanã.

 

Não havia a menor dúvida a respeito de quem mandava no estádio. Assim como não há a menor chance de não conclamar a Alemanha como a dona do mundo do futebol, pelo menos nos próximos quatro anos. Ao Brasil, a má notícia: os alemães vão forte em busca do penta em 2018.

 

Fonte: Estadão