Em alta no varejo, carne bovina poderá subir ainda mais

10/10/2014

Eleito o herói nacional no início do governo de Fernando Henrique, o frango volta a ser lembrado também no de Dilma Rousseff.

 

Para aliviar as pressões da inflação no setor de proteínas, técnicos do governo recomendam a troca da carne bovina pela de frango, de preços mais baixos.

 

No início do governo FHC, o frango deu sustentação ao Plano Real, ao ser comercializado com valores inferiores a R$ 1 por quilo. Foi considerado o "herói nacional".

 

Atualmente, o valor da ave viva está em R$ 2,70 por quilo nas granjas de São Paulo, e também está em alta no varejo paulista.

 

A carne bovina, devido à chamada sazonalidade do setor, está com forte alta. A evolução ocorre porque esse é um período de entressafra e não há uma oferta satisfatória de boi gordo para o abate, segundo José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP.

 

Soma-se a esse período atípico do ano um "gargalo estrutural" do setor. A demanda cresce, devido ao aumento de renda, mas a oferta de gado disponível no mercado para abate não tem o mesmo ritmo.

 

Para uma maior oferta de animais é necessário um ganho de produtividade no setor, o que só ocorre com investimentos. O atual cenário da pecuária, cujas margens de rentabilidade são baixas, não justifica esses investimentos. "Com isso, há um ganho de produtividade, mas modesto", afirma Ferraz.

 

A arroba de boi gordo é negociada a R$ 132 no Estado de São Paulo, segundo a Informa Economics FNP. Esse valor supera em 20% o de igual período do ano anterior.

 

Na avaliação do analista, os preços do boi gordo ainda deverão sofrer alguns ajustes, podendo subir para até R$ 140 por arroba nas próximas semanas.

 

Enquanto a carne bovina tem alta de preço, a de frango poderá ficar mais favorável ao bolso dos consumidores neste ano devido ao avanço da produção agrícola. A consequente queda de preços dos grãos favorece os custos de produção das aves, segundo ele.

 

A redução de preços dos grãos deverá reduzir também os custos do confinamento, mas a oferta de gado desse mercado não está respondendo como se imaginava há dez anos, diz Ferraz.

 

O analista da Informa acredita que ainda dá para resolver esse círculo vicioso do setor, onde as margens não atraem investidores, e sem investimentos não há crescimento da oferta.

 

O Brasil tem vantagens em relação aos demais países produtores, principalmente devido ao custo menor da mão de obra, do valor da terra e do clima favorável.

 

Mas um dos sérios problemas a serem resolvidos é a busca de uma evolução profissional dos trabalhadores. A pecuária tem de seguir a agricultura, onde a incorporação de novas tecnologias vem aumentando.

 

Fonte: Folha de S.Paulo