Aumento de impostos no país em 2015 é dado como certo

13/11/2014

Para chegar a um equilíbrio das contas públicas em 2015, o governo federal poderá aumentar os tributos para fazer frente ao aumento dos gastos, dizem economistas, que dão como certa essa possibilidade. Outra opção seria deixar crescer ainda mais a dívida pública no próximo ano, que promete não ser fácil para a economia do país. “A inflação tende a ficar controlada em 2015, já que não saiu do horizonte do governo federal. A política econômica deverá ser contracionista e, com o quadro fiscal apertado, o governo pode adotar medidas impopulares. A tendência é que os gastos públicos aumentem, assim como a carga tributária”, analisa o especialista em finanças públicas da Tendências Consultoria Integrada Felipe Salto. Para o professor do curso de ciências econômicas da Newton Paiva Cleyton Izidoro, há grandes chances de aumento dos impostos no ano que vem. “O que não é bom, já que a carga tributária já é elevada. A fiscalização também tende a aumentar”, diz. Ele defende a redução dos gastos do governo. “Não adianta mudar o cálculo, isso é maquiar.

 

O fato é que a máquina pública está inchada e é ineficiente”, observa. O professor do Ibmec/MG e mestre em finanças internacionais Ricardo Couto afirma que a dificuldade para fechar as contas do governo já vinha “acenando” para o déficit em vez do superávit. “O governo tem que aprender a gastar menos do que arrecada”, diz. Ele afirma que, diante do atual cenário, a discussão que volta à tona é mesmo o aumento de tributos, que pode contemplar a volta de algum imposto, como a famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPFM, que também ficou conhecida como “imposto do cheque”. Orçamento de 2015. Estudo elaborado pelos consultores Ingo Antonio Luger e Márcia Rodrigues de Moura, da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, mostra entraves para 2015 no que se refere à proposta do orçamento federal para o próximo ano, em análise no Congresso Nacional. Voltam a se repetir os mesmos problemas que levaram ao descumprimento da meta fiscal nas contas públicas, de 2014: receitas superestimadas e despesas artificialmente comportadas. Se o cenário do governo no projeto do Orçamento se confirmar, as contas públicas do próximo ano fecharão com um saldo positivo (superávit primário) equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Do contrário, será preciso promover um duro ajuste nos gastos para chegar a esse resultado. De tal forma que a política fiscal passaria a ser contracionista (retiraria recursos da economia), depois de dois anos na direção contrária.

 

Presidente defende sua política fiscal Doha, Catar. Na entrevista que concedeu aos jornalistas brasileiros em Doha na escala para Austrália, onde participará do G-20, a presidente Dilma Rousseff defendeu a política fiscal do governo e o projeto enviado ao Congresso que altera a meta de superávit na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “Dos 20 países do G-20, 17 hoje estão em situação de ter déficit fiscal. Nós estamos ali, no zero”. Ainda segundo Dilma, o Brasil “não tem déficit nem superávit”.

 

Mais defesa Proteção. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, defendeu a opção do governo em abandonar a meta fiscal como forma de “proteger a indústria, o emprego e a renda da população.

 

Mais ataque Quebra.O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusou Dilma Rousseff de estar “quebrando o país” e afirmou que “nem o rei Pelé conseguiria driblar a meta fiscal”.