Copom eleva a taxa Selic a 11,75% ao ano

04/12/2014

Em linha com a expectativa do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 11,75% ao ano. Essa é a segunda alta no ciclo de avanço da taxa básica de juros, que começou logo após a eleição, quando a autoridade monetária surpreendeu ao acrescentar 0,25 p.p. à Selic.

 

“O Copom decidiu, por unanimidade, intensificar, neste momento, o ajuste da taxa Selic e elevá-la em 0,50 p.p., para 11,75% a.a., sem viés. Considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores, o Comitê avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia", apontou o comunicado da autoridade monetária. 

 

Economistas apontam que a decisão contribui para a retomada de credibilidade do BC junto ao mercado financeiro, uma vez que essa é a primeira reunião de política monetária após o anúncio da nova equipe econômica - encabeçada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Nelson Barbosa, no Planejamento, e Alexandre Tombini, no BC.

 

“No fundo, a autoridade monetária busca um resgate de credibilidade. Tombini já sinalizou que pretende trazer a inflação para mais perto do centro da meta (4,5%). A decisão chancela que o segundo mandato da Dilma terá uma política econômica mais ortodoxa”, pontuou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, para quem a preocupação com desvalorização do real frente ao dólar também pesou na decisão do colegiado.

 

A moeda norte-americana acumulou alta de 5% nos últimos dois meses e, apesar de recuar nos primeiros dias de dezembro, justamente pela expectativa da Selic em 11,75% - o que, em tese, atrairá mais investimentos para o país -, eleva os preços das commodities no mercado doméstico, o que tende a pressionar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação oficial do país, no ano que vem.

 

“O fato de o preço das commodities estar caindo no mercado internacional contrabalança a desvalorização do real, mas não é suficiente para conter a alta das cotações”, disse o estrategista-chefe do Banco Fator, Paulo Gala. O Índice de Commodities do BC (IC-Br), que mede os preços dos produtos básicos que mais afetam a inflação, registrou a terceira alta consecutiva em novembro ao subir 3,04%.

 

Outro fator que deve pressionar o IPCA em 2015 é o ajuste dos preços administrados (energia elétrica, combustíveis, água e transporte). De acordo as projeções do último Boletim Focus, o IPCA deve fechar 2014 em 6,43%, abaixo do teto da meta de 6,50%. Mas para os próximos 12 meses, a estimativa é de 6,57% e, para o fim de 2015, de 6,49%.

 

De acordo com o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, o BC deve elevar a Selic ao patamar de 12,5% ao fim deste ciclo de aperto monetário. “Seria mais uma alta de 0,50 p.p. na reunião de janeiro, e o acréscimo de 0,25 p.p. em março”, disse. Gala, do Banco Fator, também prevê a Selic no mesmo patamar em março, mas acredita que pode haver mais aumentos ao longo do ano.

 

“Tudo vai depender de como a economia vai se comportar em meio ao aperto fiscal, que prevê corte de gastos e aumento de impostos. Se o ritmo de crescimento enfraquecer ainda mais, pode ser que a Selic seja mantida em 12,5%. O número do PIB referente ao último trimestre de 2014 e aos primeiros três meses do ano que vem serão decisivos para chancelar a possível manutenção da taxa básica de juros em março”, avaliou.

 

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

 

Fonte: Brasil Econômico