Apenas 37,4% das mulheres estão no mercado de trabalho, diz pesquisa

04/12/2014

A maioria das mulheres de Minas Gerais com idade para trabalhar está fora do mercado de trabalho, mesmo tendo mais tempo de estudo que os homens. Segundo a Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD) 2013, apenas 37,4% das trabalhadoras aptas (acima de 10 anos, segundo a Fundação João Pinheiro) estão no mercado de trabalho. Para os homens, esse porcentual é de 61,4%. A escolaridade feminina também é maior entre a população inativa e desempregada.

 

“As mulheres estão mais escolarizadas, mas isso não se refletiu em uma maior igualdade no acesso ao mercado e no tipo de trabalho que as mulheres exercem”, problematiza Nícia Raies de Souza, coordenadora da PAD, que apresenta os dados. Ela acredita que a escassez de mulheres no mercado de trabalho está ligada a dificuldades das famílias em arcar com uma creche onde os filhos possam passar o dia. A pesquisa aponta que, em todo o Estado, apenas 16% das crianças de 0 a 3 anos têm acesso ao serviço. “No Brasil, não há suporte de creches, então elas (as mulheres) tendem a sair do mercado de trabalho na idade produtiva”, explica Nícia. O Vale do Jequitinhonha é a região com menor proporção de mulheres no mercado, com 26,8%. O índice mais alto foi registrado no Alto Paranaíba, 42%. Formada em administração de empresas e pós-graduada em marketing, a dona de casa Flávia Hermétrio, 38, é um exemplo dessas mulheres que largaram o emprego para cuidar dos filhos. “Estou super-realizada. Fiz isso no momento certo e, por enquanto, nem penso em voltar ao trabalho”, conta ela, que é mãe de um menino de 2 anos e uma menina de 7. Depois de trabalhar 18 anos em uma grande empresa em Ipatinga, no Vale do Aço, ela decidiu que valia mais a pena, inclusive financeiramente, dedicar-se às crianças em período integral, o que tem feito desde outubro. “Os custos diminuíram muito”, avalia. Carreira. A pesquisa também mostra diferenças nos tipos de empregos entre homens e mulheres. “Elas têm taxas de desemprego maiores, rendas menores e se inserem em empregos com qualidades e setores diferentes”, ressalta Nícia. A maior discrepância está no setor de serviços domésticos, onde atuam 8,6% das mulheres empregadas e 0,2% dos homens. A maioria de ambos os gêneros, no entanto, atua no setor privado com carteira assinada. Nesse setor, eles preenchem 46,7% das vagas, e elas, 43,2%. Mesmo que ainda seja baixo, o índice de mulheres no mercado de trabalho passou de 37,7%, em 2011, para 39,4%, em 2013. 

 

Empregos Formalização. O percentual de trabalhadores com carteira de trabalho assinada entre a população com mais de 10 anos, em todo o Estado, aumentou de 42,5% para 45,2% no último ano em relação à PAD de 2011. 

 

Elas ficam viúvas, eles se casam A partir dos 60 anos, 40,9% das mulheres se encontram na condição de viuvez, proporção bem maior que a dos homens, 15,2%. “As mulheres têm maior longevidade, o que explica a maior proporção de viúvas. Somado a isso, os homens tendem a se casar com mulheres mais novas, e é mais frequente viúvos ou separados casarem-se novamente”, consta no estudo. Há diferença também entre os mais jovens. Entre mulheres de 40 a 59 anos, 7,2% são viúvas. No caso dos homens, o percentual é de 1,4%.

 

Mulher se preocupa com saúde As mulheres utilizam mais os serviços de saúde que os homens. Nos 30 dias antes da realização da pesquisa, 18,3% delas havia procurado atendimento médico, e o índice masculino foi de 13,4%. Elas também veem a própria saúde de forma mais negativa que os homens: 83,8% deles avaliaram como muito boa ou boa e 2,3% como ruim/muito ruim. Entre as mulheres os percentuais foram 79,4% e 3,1%, respectivamente.

 

Crianças mais pobres sem escola A taxa de escolaridade infantil é menor entre a população mais pobre. No caso das crianças de 0 a 3 anos, entre as 25% mais pobres da população, apenas 10,1% frequentam creches. Já entre os 25% mais ricos, o percentual é de 27,2%. No Vale do Rio Doce, região com a menor taxa, 7,8% das crianças na faixa etária frequentam a escola. No Triângulo, região com o maior índice, 24,3% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches.  

 

Aumenta procura por emprego A taxa de desocupação (pessoas à procura de emprego) cresceu cerca de 1%, desde a última pesquisa, em 2011. Hoje, estima-se que 493 mil pessoas estão desempregadas e procurando trabalho. A maior taxa de desocupação (7,2%) é a da região Norte, e a menor é a do Alto Paranaíba (3,7%). Em dados absolutos, por outro lado, aumentou o número de trabalhadores, que passou de 8,381 milhões para 8,575 milhões.

 

Fonte: IG