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A fila por uma vaga nas creches da rede municipal de São Paulo bateu recorde em novembro --quando havia 187.535 crianças de até três anos e 11 meses esperando.

Trata-se da maior fila desde que a prefeitura passou a divulgar os dados, em 2007. O recorde anterior era de 170.858, em setembro de 2012, sob Gilberto Kassab (PSD).

Apesar da criação de novas vagas, a fila neste fim da primeira metade da gestão Fernando Haddad (PT) mais que duplicou em relação a dezembro de 2012, último mês de Kassab --quando 93.814 crianças buscavam um lugar.

O número de matrículas na rede municipal de creches aumentou desde então --com a criação de 30.363 vagas.

Mas é pouco diante da demanda. No ritmo atual, a prefeitura levaria cerca de oito anos para acabar com esse deficit --se nenhuma criança entrasse ou saísse da fila.

O Tribunal de Justiça determinou em 2013 que a prefeitura crie 105 mil vagas até 2016. Foi a forma encontrada para buscar uma solução coletiva diante do número cada vez maior de ações individuais movidas por pais para garantir a creche dos filhos.

O defensor público Antonio Machado Neto, do grupo que acompanha os desdobramentos da decisão judicial, diz ser difícil identificar uma só causa para a fila crescente.

"Temos que considerar que estamos em um período de maior procura. Talvez os pais já estejam se antecipando, para que a criança comece seu ano letivo matriculada."

A zona sul é a região da capital que concentra a maior quantidade de crianças na fila da creche --78.730.

No Grajaú, Andréia Jarina, 27, abandonou seu emprego para cuidar do filho de um ano e sete meses. "Minha família mora no interior e não tenho como pagar até R$ 400 para alguém cuidar dele."

NOVO PÚBLICO

O secretário municipal da Educação, Cesar Callegari, afirma que 120 mil crianças que estão na fila de espera serão matriculadas entre dezembro e fevereiro --parte delas no lugar de outras que completam quatro anos e vão para a pré-escola.

Segundo ele, as creches têm atraído um novo público devido à expansão da rede com qualidade. "Qualquer família de classe média que optava necessariamente por uma particular, conhecendo a multiplicidade de pontos, se inscreve na rede pública."

A administração municipal prevê para 2015 começar a construção de 129 unidades.

Fonte: Folha de S.Paulo