Comércio reage, mas avanço no ano é o menor desde 2003

15/01/2015

 As vendas do comércio varejista no país acumularam alta de 2,4% de janeiro a novembro de 2014, a menor marca para o período desde 2003, quando o país vivia um período de recessão após a crise eleitoral de 2002.

 

Os números, divulgados pelo IBGE nesta quarta, são consequência da alta da inflação e da queda da confiança dos consumidores em um cenário de esfriamento da renda e do emprego e de encarecimento do crédito, mais escasso. Em 2013, o avanço no período fora de 4,3%.

 

Nos 12 meses encerrados em novembro de 2014, as vendas se expandiram em 2,6%.

 

Os resultados modestos contrastam com o desempenho "surpreendente" em novembro, segundo analistas, quando o comércio emendou sua quarta alta e cresceu 0,9% sobre outubro e 1% sobre novembro de 2013.

 

Os números superaram as expectativas no mercado, de estagnação em relação ao mês anterior e retração de 0,5% em relação ao ano.

 

Para Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio, porém, os bons resultados dos últimos meses não configuram tendência de recuperação.

 

SETORES

O Bradesco ressalta, em relatório, que o crescimento em novembro "não ocorreu de forma homogênea entre os segmentos pesquisados".

 

Os destaques positivos ficaram com móveis e eletrodomésticos (5,4%), equipamentos de informática (4,9%) e vestuário (3,4%).

 

O primeiro foi o principal responsável pela distância entre as projeções, mais pessimistas, e a taxa mais elevada do varejo em novembro.

 

Já o ramo de supermercados e demais lojas de alimentos restringiu o desempenho do varejo, com queda de 0,8% na esteira da inflação em alta, especialmente de alimentos. O segmento é o de maior peso no comércio varejista.

 

Para Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú, a desaceleração da massa salarial "deve ser um limitante do crescimento das vendas" em 2015, assim como para o consumo das famílias.

 

"O ano 2014 foi delicado para o varejo em razão de diversos fatores, como inflação elevada, taxas de juros ao consumidor em níveis recordes e desaceleração da massa de rendimentos", afirma Bentes.

 

Os mesmos fatores vão afetar o comércio neste ano. A entidade estima o crescimento das vendas em 2,6% em 2014 e projeta alta de 3% em 2015 diante da desaceleração de preços.

 

Apesar dessa previsão, o resultado acima do previsto em novembro "deve contribuir para que o PIB tenha crescimento positivo no quarto trimestre de 2014, a despeito da fraqueza nos dados de produção industrial", segundo o Itaú.

 

O Bradesco, porém, diz que os resultados da indústria e do comércio prenunciam um PIB próximo da estabilidade no quarto trimestre. O dado será conhecido em março.

 

Fonte: Folha de S.Paulo