Temperatura em São Paulo chega a 36,5°C

20/01/2015

Acostumado com as altas temperaturas de Caicó, no sertão do Rio Grande do Norte, onde os termômetros marcam facilmente 40°C, o comerciante Marcos Dantas, de 43 anos, que vende água no Parque do Ibirapuera há 17, diz estar sofrendo com o verão de São Paulo. “Aqui o calango está andando de skate para não queimar o pé e a barriga no asfalto”, brincou. 

 

O calor em São Paulo chegou nesta segunda-feira a 36,5°C às 16 horas, a maior temperatura do ano. A marca também é a sexta mais elevada desde 1943, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) iniciou as medições na capital paulista, no Mirante de Santana, zona norte. Também foi a quarta maior marca já relatada em janeiro. 

 

Já o termômetro de Dantas, no Ibirapuera marcava 37°C. “Lá no sertão pelo menos tem uma brisa à noite. Aqui, não. O asfalto absorve o calor e fica muito abafado.” Em compensação, teve um dia movimentado nas vendas - com destaque para a água de coco gelada. Ele considerou “estranha” a situação atual. “Isso é o desmatamento da Amazônia, aquecimento global e poluição.”

 

A máxima anterior havia sido no sábado, com 35,7°C. O recorde histórico de temperatura na capital é de 37,8°C, no dia 17 de outubro do ano passado. De acordo com o coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas da Universidade de São Paulo (USP), Tercio Ambrizzi, as altas temperaturas deste mês fazem parte do mesmo contexto de outubro: um forte sistema de alta pressão da atmosfera, combinado com o fenômeno das ilhas de calor urbanas, o que inibe a entrada de frentes frias. “No ano passado tivemos uma série de dias extremamente secos. Havia um bloqueio que impedia a chegada das frentes frias e ficamos sem nenhum tipo de nebulosidade. Sem nuvens moderando a radiação solar, a temperatura tende a aumentar. Entramos em janeiro com um cenário parecido: as frentes frias não têm subido.”

 

Mais umidade. Ambrizzi destaca que a diferença em relação à estiagem de 2014 é que em janeiro houve um pouco mais de umidade, causando precipitações. “Mas bastou um domingo sem chuvas, com temperaturas altas ao longo da noite, para termos mais um recorde de temperatura nesta segunda”, afirmou. 

 

De acordo com ele, a tendência é que o calor seja intenso até que a nebulosidade comece a aumentar, diminuindo a incidência da radiação solar. “Isso deverá ocorrer nos próximos dias, porque uma frente fria deverá chegar à cidade nesta terça-feira, 20. Teremos um pequeno alívio, com um pouco mais de chuva ao longo do dia”, disse. Segundo ele, mesmo que a queda de temperatura seja pequena, o cenário será diferente do atual.

 

Fonte: Estadão