Transações bancárias crescem 40% e atingem o número de 56 bilhões em 2014

02/03/2015

A quantidade de transações bancárias realizadas em 2014 cresceu 40%, passando de 40 bilhões em 2013 para 56 bilhões no ano passado. A informação foi dada ontem pelo presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, em evento da entidade que premiou os sete melhores trabalhos acadêmicos inscritos no VI Prêmio Infi Febraban de Economia Bancária. 

 

“É mais do que o dobro do que os 24 bilhões que realizamos em 2009”, destacou Murilo Portugal. Os números completos sobre o setor bancário relativos a 2014 serão divulgados somente em junho, às vésperas do evento de tecnologia bancária patrocinado pela entidade, o Ciab, realizado anualmente nesse período.

 

O presidente da Febraban destacou o aumento da inclusão bancária, informando que o número de contas correntes passou de 83 milhões para 103 milhões em cinco anos. “Hoje, em cada 100 brasileiros, 60 tem conta em banco. E mesmo os que não têm conta usam com regularidade vários serviços prestados pelos bancos”, disse o executivo, acrescentando que o sistema financeiro é um dos que mais emprega no país. “Apesar do crescimento acelerado dos meios eletrônicos de transações, temos 23 mil agências e continuamos abrindo novas”.

 

Murilo Portugal previu que o crédito vai continuar crescendo neste ano, mas a taxas menores de crescimento, assim como vem ocorrendo desde 2011. “Isso é natural: na medida em que cresce a base, as taxas de crescimento ficam menores”. Há dez anos o crédito vem crescendo mais rápido que a economia; passou de 26% para 59% do PIB. Mesmo com taxa de crescimento pouco menor do que os 10% registrados no ano anterior, Portugal prevê uma alta do crédito ainda maior do que o do PIB neste ano, “como vem acontecendo na última década”.

 

“Existe uma capacidade de oferta maior do que a demanda por crédito no sistema financeiro hoje. Mas a demanda deve arrefecer. E se a demanda cai a oferta acompanha”, explicou, dizendo que do ponto de vista global macroeconômico a oferta nunca recua antes da demanda. Mas o presidente da Febraban admitiu que pode haver retração em casos específicos, onde o banco considerar que o risco de crédito está maior.

 

A Febraban anunciou ontem convênios com quatro universidade para a realização de estudos e pesquisas na área de economia bancária, com a USP, FGV de São Paulo, Unicamp e PUC do Rio. Cada uma produzirá quatro pesquisas inéditas por ano sobre temas como crédito, serviços bancários, inadimplência, taxa de juros, financiamentos de longo prazo e regulação bancária. “Ainda é relativamente modesta no Brasil a produção de trabalhos científicos em economia bancária”, disse Portugal. Ele ressaltou os R$ 180 milhões que a entidade investe em 6,5 mil bolsas de estudos dentro do programa do governo federal Ciência Sem Fronteiras.

 

Cada R$ 1,00 em crédito gera R$ 1,96 de riqueza, diz estudo 

Sete trabalhos em três categorias diferentes foram escolhidos como os melhores do ano pelo VI Prêmio Infi Febraban de Economia Bancária. O grande vencedor da categoria A — dissertações, teses e artigos acadêmicos — foi a “Expansão do crédito ao consumo em economias abertas”, de Karen Mendes. O trabalho mostrou que cada R$ 1 de crédito ao consumo gera R$ 1,96 em riqueza na economia.

 

O segundo colocado, “Política monetária, canal de tomada de risco e solvência bancária” de Claudio Moraes, José Américo Antunes e Gabriel Montes, mostrou que a exigencia de provisão adicional por parte das autoridades monetárias não apresenta os efeitos desejados.

 

O trabalho “Crédito e formação de domicilios no Brasil”, de Lilian Ferro, descobriu que uma expansão de 100% do crédito imobiliário no Brasil aumenta em 10% o número de domicílios no país — ou seja, os empréstimos ajudam a mitigar o déficit habitacional do Brasil na proporção de 1 para 10.

 

Na categoria B, de monografias de graduação, a vencedora foi Paula Souza, com “Revisão técnica dos acordos de Basileia”. O trabalho mostrou que o acordo tem evoluído mas ainda há problemas na imposição das suas regras de forma homogênea nos diferentes países, sugerindo a criação de uma entidade para supervisionar efetivamente o que está acontecendo no âmbito da regulação bancária mundial.

 

O segundo colocado foi Fabio dos Santos, com “Território, finanças e topologias bancárias: a capilaridade da Caixa, a partir dos correspondentes em Alagoas”. O estudo mostrou que há uma rarefação da rede tradicional em Alagoas, onde o uso mais intenso de correspondentes é fundamental, inclusive, para a bancarização.

 

Na categoria C, sobre educação financeira, venceram André Saito, com “Desenvolvimento financeiro e implicações para educação financeira”; e Vilmar Junior, com “Educação financeira e finanças pessoais: um estudo com jovens do ensino médio em Blumenau”.

 

Fonte: Brasil Econômico