Salário de mulheres paulistas sobe mais que o dos homens

09/03/2015

 A diferença salarial entre mulheres e homens na grande São Paulo diminuiu no período entre 2013 e 2014, de acordo com pesquisa sobre a presença das mulheres no mercado de trabalho realizado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo o levantamento, o valor médio da hora de trabalho feminino subiu 5,3% em um ano, aumentando de R$ 9,31 para R$ 9,80, enquanto o valor médio da hora de trabalho masculina caiu 0,2%, recuando de R$ 12,07, em 2013, para R$ 12,04 em 2014. 

 

A pesquisa apontou que 55% das mulheres de São Paulo em idade produtiva trabalham e ganham 81,04% dos salários dos homens. “Embora as desigualdades existam, o cenário vem ficando mais positivo para as mulheres. A presença feminina no mercado de trabalho era de 50,8% em 1998, e houve uma redução forte entre a diferença de remuneração entre homens e mulheres nos dois últimos anos: em 2013, o salário das mulheres representava 77,01% dos homens”, frisa Alexandre Loloian, coordenador de análise da pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade. O especialista explica que a redução da distância salarial entre gêneros se deve à valorização do salário das mulheres na indústria da transformação e nos segmentos de serviços de informação e comunicação, atividades financeiras e de seguros.

 

“Na indústria, o salário das mulheres correspondia a 71,3%, em 2013, mas passou a 75,3% no ano passado. Já no nicho da atividade de serviços, o salário das mulheres aumentou de 68,5% dos homens em 2013 para 71,4% em 2014”, exemplifica. 

 

O estudo mostra ainda que o índice de desemprego entre as mulheres é maior que entre os homens; que quando estão sem emprego as mulheres demoram uma semana a mais que os homens para encontrar uma nova colocação; e que o tempo de permanência delas no posto de trabalho é menor do que o deles. “Se um homem e uma mulher com o mesmo nível de qualificação disputam a mesma vaga, há grandes chances de o homem ficar com o emprego.

 

Claro, nem sempre a preferência pelo gênero masculino se dá de forma consciente. Porém ainda há resistência em relação à mão de obra feminina porque imagina-se que haverá interrupções na carreira da trabalhadora por causa da maternidade e dos cuidados com a família”, diz Loloian, mencionando que muitas empresas tem adotados práticas para ampliar os espaços das mulheres em seus quadros e contribuir com o progresso da carreira delas. 

 

De acordo com o estudo, 22,3% das mulheres ocupadas em São Paulo têm nível superior, enquanto entre os homens esse percentual é menor, de 15,8%. Para o coordenador da Fundação Seade, apesar de as mulheres serem mais instruídas, na média ganham menos que os homens, porque o diploma não é o único componente determinante da renda. “O que determina a ascensão das mulheres é a dinâmica do mercado de trabalho, a rede de contatos, a interação com os grupos de colegas de profissão e nesse sentido a maternidade pesa, porque pode criar um hiato de tempo nessa relação interpessoal”, argumenta. “Mas não tenho dúvidas de que se houvessem mais creches, escolas em tempo integral e uma divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres, a mão de obra feminina poderia progredir ainda mais no mercado de trabalho”, frisa. 

 

Segundo o estudo da Grant Thornton, intitulado “ Women in Business 2015”, 57% das empresas brasileiras não possuem mulheres em cargos de liderança, colocando o Brasil no terceiro lugar entre os 10 países que menos promovem mulheres no mundo. O Japão (66%) é o primeiro, seguido pela Alemanha (59%). Já a Rússia é o país com mais mulheres em cargos de comando — apenas 11% das companhias não têm mulheres na liderança. Segundo Maria Rosa Lombardi, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, no Brasil as mulheres têm crescido nos níveis intermediários das empresas, ocupando cargos de gerência e direção, mas são raras no topo das organizações. “As empresas reproduzem o padrão da sociedade”, aacredita.

 

Fonte: Brasil Econômico