Mesmo após multa, 1/5 da população aumenta o consumo de água na Grande São Paulo

01/04/2015

Quase 1/5 dos clientes da Sabesp na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), ou cerca de 800 mil dos 4 milhões de lares atendidos, continuam a gastar mais água do que faziam antes da crise hídrica, mesmo após a companhia ter começado a aplicar multas de até 100% do valor da conta. O governo Alckmin (PSDB) não planeja aumentar as punições para os gastões.

 

Entre os dias 1 e 21 do mês passado, 18% dos clientes da região gastaram mais água do que faziam entre fevereiro de 2013 a janeiro de 2014, período anterior à crise, de acordo com dados preliminares divulgados pela Sabesp na terça-feira (19) a acionistas da companhia. O índice é apenas 1 ponto percentual inferior aos 19% de fevereiro, que havia caído três pontos em relação aos 22% de janeiro.

 

Essa desaceleração ocorreu apesar de a Sabesp ter começado a aplicar a sobretaxa aos gastões a partir de janeiro, em complemento ao bônus de até 30% a quem economiza água e que já vigorava desde 2014.

 

Dos 19% dos clientes que aumentaram o consumo em fevereiro, 12% receberam as contas em março com multas de 40% a 100% do valor da conta (os 7% restantes gastam até 10 mil litros por segundo e estão excluídos da penalidade). A conta referente a março, que chega em abril, deverá vir com sobrexta para 11% dos clientes. 

 

Esse fator pode ajudar a explicar a desaceleração na economia de água por meio dos incentivos e punições financeiras. Entre janeiro e fevereiro - ou seja, entre o primeiro e o segundo mês de vigência da multa - o consumo da RMSP foi reduzido em mais 600 litros por segundo. De fevereiro para março, a queda foi de 100 litros por segundo, elevando a economia total para 6,1 mil litros por segundo desde fevereiro de 2014.

 

A maior parte desse ganho, 4,8 mil litros por segundo, foi conquistada até dezembro de 2014  - antes, portanto, da entrada em vigor da multa.

 

"Temos que olhar o copo meio cheio"

O governo Alckmin (PSDB) aposta na conscientização dos gastões renitentes, e não planeja nenhuma penalização adicional para convencê-los, segundo a secretária-adjunta de Recursos Hídricos, Mônica Porto.

 

"Temos certeza de que na conscientização e na perseverança nessa mjulta a gente vai ganhar mais alguns à nossa causa", diz Mônica ao iG, por telefone. "É possível que o camarada no primeiro mês que recebe a multa não ligeu para ela mas é possível que no segundo mês ele comece a ligar para a multa."

 

A secretária-adjunta ressalta também o lado positivo de 82% da população estar economizando mesmo após dois meses de chuvas acima da média. Em 18 de março, ela havia expressado preocupação de que a boa vontade de São Pedro desmobilizasse ap população - como o iG mostrou, menções a "racionamento" e "falta" despencaram nas redes sociais no mês passado.

 

"Esse número [18% de gastões] é expressivo, mas a gente, nessa situação de crise, tem que olhar o copo meio cheio, que é 82% economizando", diz Mônica. "O que a gente quer é que essa mobilização permaneça.  Apesar de termos tido dois meses favoráveis com relação à chuva, a situação dos reservatórios ainda é muito precária para esta época do ano."

 

Fonte: IG