Cresce financiamento de carros usados

27/04/2015

Na contramão do mercado de veículos novos, o financiamento de carros usados "jovens" (quatro a oito anos) cresceu quase 3% no primeiro trimestre em comparação a igual período de 2014.

 

O percentual é significativo se comparado à queda de 16,8% no financiamento dos veículos zero.

 

Desde 2011, quando a Unidade de Financiamento da Cetip passou a reunir informações sobre esse mercado, esse foi o trimestre com maior volume de financiados nessa faixa --perto de 393,5 mil.

 

No total foram 387 mil financiamentos para novos e 708,3 mil para usados, somadas todas as faixa de idade.

 

"Com o bolso mais apertado pela inflação e a confiança na economia mais afetada, o consumidor opta pelo usado em vez do novo", diz Marcus Lavorato, gerente dessa unidade da Cetip.

 

Para Décio Carbonari, presidente da Anef, associação das empresas financeiras das montadoras, há uma migração evidente de consumo. "Quem comprava o novo opta pelo seminovo [zero a três anos]. Parte de quem comprava essa faixa já opta por um mais antigo, mas ainda em boas condições de uso", diz.

 

Com mais medo de perder o emprego e a renda retraída, o consumidor opta por um produto mais barato para evitar o risco de se endividar. "Da mesma forma que o consumidor substitui a qualidade do queijo ou do iogurte que põe no carrinho do supermercado, ele troca o carro novo pelo usado", completa Carbonari.

 

Por região, metade dos financiamentos de usados jovens se concentra no Sudeste. Na comparação com janeiro a março de 2014, Norte e Nordeste são as regiões que mais aumentaram o número de unidades financiadas.

 

Modelos populares, como Gol, Palio, Uno e Celta lideram o ranking dos mais procurados. O consórcio foi a modalidade de financiamento que mais cresceu no período, embora o CDC (crédito direto ao consumidor) ainda seja o mais procurado.

 

Outras razões que levaram os consumidores a optar pelo usado, segundo consultores, são os preços dos novos --subiram de 7% a 10%, dependendo do modelo, por causa da retirada de incentivos fiscais (IPI reduzido) e do fim dos bônus (subsídios) de montadoras a revendedores.

 

A média de juros ao mês nos financiamentos feitos diretos ao consumidor é de 1,86%, segundo dados do BC.

 

"As vendas de usados cresceram 2,6% [no trimestre] e vão bem. Mas temos interesse que a dos novos também seja retomada", diz Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto, que representa 48 mil lojas de usados no país.

 

Em um prazo de três meses, o mercado pode até sentir falta de modelos usados mais populares, muito procurados, diz. "O novo de hoje é o usado de amanhã."

 

Fonte: Folha de S.Paulo