Economia brasileira recua 0,2% no primeiro trimestre

29/05/2015

A atividade econômica brasileira recuou 0,2% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com quarto trimestre de 2014, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o primeiro do ano passado a queda foi mais acentuada, de 1,6%. A agropecuária foi a única atividade que apresentou crescimento no período.

 

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país em determinado período) foram divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em valores correntes, o PIB do período alcançou R$ 1,408 trilhão.

 

No acumulado dos quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2015, o PIB registrou queda de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

 

A agropecuária foi a única atividade que apresentou crescimento no primeiro trimestre na comparação com o quarto trimestre de 2014. Pela ótica da oferta, apenas a agropecuária cresceu 4,7% (R$ 79,6 bilhões), enquanto recuaram a indústria (-0,3%) e serviços (-0,7). Pela ótica da despesa, todos os componentes da demanda interna recuaram em relação ao trimestre anterior: investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo, recuou 1,3%), consumo das famílias (-1,5%) e consumo do governo (-1,3%).

 

A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2015 foi de 19,7% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (20,3%). A taxa de poupança foi de 16% no primeiro trimestre de 2015 (ante 17,0% no mesmo período de 2014).

 

A queda da indústria foi menos acentuada do que se esperava, apoiada no crescimento da atividade extrativa mineral (3,3%) e construção civil (1,1%) cresceram. Já eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-4,3%) e indústria de transformação (-1,6%) caíram.

 

Nos serviços, a queda foi puxada por transporte, armazenagem e correio (-2,1%), por administração, saúde e educação pública (-1,4%), Outros serviços (-1,4%), Intermediação financeira e seguros (-0,8%) e comércio (-0,4%). Já atividades imobiliárias e serviços de informação cresceram 1,2% e 1,1%, respectivamente.

 

No setor externo, as exportações e as importações de bens e serviços subiram, respectivamente, 5,7% e 1,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

 

Tombo da economia é maior na comparação com o primeiro trimestre de 2014

Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB apresentou contração de 1,6% no primeiro trimestre de 2015. A agropecuária cresceu 4% em relação ao primeiro trimestre de 2014, principalmente pelo desempenho de alguns produtos da lavoura com safra relevante no período.

 

Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), as culturas relevantes nessa época do ano são a soja (10,6%), arroz (0,7%), mandioca (5,1%) e fumo (1,7%). Por outro lado, o milho, cuja safra também é significativa no primeiro trimestre, apresentou variação negativa (-3,1%).

 

A indústria recuou 3%, com recuo acentuado da indústria de transformação (- 7%), com o decréscimo da produção da indústria automotiva; máquinas e equipamentos; produtos eletrônicos e equipamentos de informática; artigos do vestuário; e produtos do fumo.

 

A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou queda de 12%, negativamente influenciada pelo maior uso das termelétricas na geração de energia e pela redução do fornecimento e consumo de água. A construção civil também apresentou redução de 2,9%.

 

Já a extrativa mineral cresceu 12,8% em relação ao primeiro trimestre de 2014, puxada pelo aumento da extração de petróleo, gás natural e minérios ferrosos.

 

A atividade do setor de serviços caiu 1,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para a contração de 6% do comércio (atacadista e varejista) e de 3,6% de transporte, armazenagem e correio (que engloba carga e passageiros). Também apresentaram resultados negativos as atividades de administração, saúde e educação pública (-1,4%), outros serviços1(-0,6%) e intermediação financeira e seguros (-0,4%).

 

Registraram resultados positivos as atividades imobiliárias (2,8%) e os serviços de informação (2,9%), atividade esta que inclui telecomunicações, atividades de TV, rádio e cinema, edição de jornais, livros e revistas, informática e demais serviços relacionados às tecnologias da informação e comunicação (TICs).

 

Todos os componentes da demanda interna apresentaram queda em relação ao primeiro trimestre de 2014. O consumo das famílias (-0,9%) registrou a primeira queda desde o terceiro trimestre de 2003, explicada pela evolução negativa dos indicadores de inflação, crédito, emprego e renda ao longo dos três primeiros meses do ano.

 

O investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) caiu 7,8%, principalmente pela queda das importações e da produção interna de bens de capital e, ainda, pelo desempenho negativo da construção civil. O consumo do governo, por sua vez, caiu 1,5%.

 

No setor externo, as exportações de bens e serviços subiram 3,2%, enquanto que as importações caíram 4,7%. Dentre as exportações de bens, os destaques de crescimento foram petróleo e carvão, siderurgia e têxteis. Na pauta de importações, as maiores quedas foram em veículos automotores e equipamentos eletrônicos.

 

Fonte: IG