Rússia e Catar podem perder a Copa, admite auditor da Fifa

08/06/2015

Pela primeira vez desde a eclosão da crise na Fifa, um alto funcionário da entidade admite que o Mundiais na Rússia e no Catar podem estar ameaçados. Domenico Scala, auditor da Fifa, indicou que a revisão das sedes de 2018 e 2022 pode ocorrer se ficar provado que houve suborno e compra de votos no processo de escolha das sedes.

 

Rússia e Catar eram as piores candidaturas, de acordo com os informes técnicos da Fifa. Mas quando a escolha ocorreu em dezembro de 2010, elas foram as vencedoras. Imediatamente depois de anunciado, uma série de escândalos começaram a surgir. O Estado revelou com exclusividade que Ministério Público suíço suspeita inclusive de Ricardo Teixeira, que teria usado um jogo da seleção brasileira para justificar o pagamento de propinas. Dias depois da partida que ocorreu no Catar, o então presidente da CBF votou pelo Catar para a Copa de 2018.

 

"Se evidências surgirem que a concessão dos Mundiais apenas ocorreu por conta de propinas e compra de votos, então a escolha pode ser cancelada", disse, em um email ao Estado.

 

Ele deixa claro, porém, que "essas evidências" ainda não foram apresentadas. Tanto o MP suíço quanto o FBI investigam o caso, interrogando os eleitores que participaram na época do voto e coletando material em dezenas de locais diferentes pelo mundo.

 

Scala ainda aponta que a decisão final não seria dele, mas do Comitê de Ética da Fifa. Há um ano, a entidade deu o caso por encerrado, insistindo que não existiam evidências suficientes para chegar a tal medida. Naquele momento, o investigador independente da Fifa, Michael Garcia pediu sua demissão, alegando que a Fifa havia abafado parte de suas descobertas num trabalho que custou US$ 4 milhões.

 

Tanto o Catar quanto a Rússia vem atacando sugestões de que poderiam perder os Mundiais. Para os organizadores árabes, as críticas contra o país e as sugestões de compra de votos são "demonstrações de racismo". EUA e Austrália estavam entre os concorrentes para 2022.

 

Já o Kremlin passou a acusar o FBI de ter manipulado as prisões na Fifa para tentar derrubar a Copa em Moscou, por conta da crise entre Vladimir Putin e o Ocidente. Hoje, os líderes do G-7 devem debater a crise no futebol, inclusive no que se refere às escolhas de sedes. 

 

Fonte: Estadão