Haddad faz acordo com governo federal para mudança da Ceagesp

24/06/2015

O governo federal e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) devem começar, nos próximos dias, estudos de viabilidade técnica para a mudança do entreposto da Vila Leopoldina para uma área no Rodoanel. Conforme antecipou o Estado em março, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), assinou nesta terça-feira, 23, um acordo com o Ministério da Agricultura e com o Ministério do Planejamento para dar os primeiros passos para a realização dessa mudança. Pelo menos dois grupos econômicos, segundo o prefeito Fernando Haddad, estão interessados em fazer as obras necessárias. 

 

Esse acordo e o estudo que sairá dele devem ajudar na aprovação da nova lei de zoneamento de São Paulo. Os vereadores precisam aprovar uma reclassificação do status da região onde a Ceagesp está atualmente instalada, de Zona Industrial (ZPI) para Zona Especial (ZOE) - o Aeroporto de Congonhas, o Sambódromo e os câmpus da Universidade de São Paulo são ZOEs. Essa alteração é necessária para que o local possa ser usado para construir casas e comércio, além de um parque. "A Ceagesp é o obstáculo que impede o retorno do desenvolvimento ao centro da cidade. O Rodoanel é uma área importante e ela não adianta se a Ceagesp não migrar. A mudança da Ceagesp será o maior projeto urbanístico de SP", disse o prefeito durante a assinatura do acordo no Ministério da Agricultura, em Brasília.

 

O prefeito explicou que cerca de 14 mil veículos trafegam na atual área da Ceagesp, alcançando em algumas ocasiões 27 mil. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que a Ceagesp está "bastante estrangulada" e lembrou que o terreno do entreposto é bastante valioso. A comercialização na área, no entanto, se tornou complexa em função da movimentação de carros. "O importante é que o novo satisfaça a parte de produção e distribuição de alimentos. Nós encontraremos locais atrativos dentro do que a Prefeitura mostrar como disponível", explicou a ministra que disse acreditar que as obras, depois de licitadas, durem no máximo dois anos. 

 

O projeto não deve enfrentar grandes obstáculos na Câmara em função do apelo popular. A troca de localidade tem entre seus objetivos desafogar o tráfego, principalmente pela redução do movimento de caminhões nas marginais do Tietê e do Pinheiros; além de construir casas populares onde funciona a Companhia atualmente - área equivalente ao tamanho de 70 campos de futebol. "Esse é o momento de Câmara Municipal ajudar a Ceagesp a encontrar o seu novo local", observou Haddad. A lei deve ser aprovada até o fim do ano. 

 

Esse estudo também ajudará a convencer a iniciativa privada a participar do projeto de construção da nova Ceagesp. O modelo da operação ainda não está fechado, mas é provável que empresas e construtoras que toquem o projeto obtenham autorização para explorar o entreposto em parceria com o setor público. A área a ser escolhida para abrigar a companhia tem de favorecer a logística de abastecimento. "Nós queremos que ali seja um polo gerador de emprego e renda combinado com moradia de padrões diferentes. Ali na vizinhança tem áreas pobres que precisam ser absorvidas", ponderou o prefeito. "Essa talvez seja a última fronteira de expansão da cidade", afirmou. 

 

Desestatização. Em março deste ano, o governo deu mais um passo no sentido de facilitar essa transição e excluiu a Ceagesp do Programa Nacional de Desestatização (PND). A companhia estava nessa lista desde 1997, quando a empresa foi transferida para a União.

 

Com a saída do programa de desestatização, a Ceagesp poderá receber recursos públicos, negociar ativos ou firmar um contrato de concessão de uso com a iniciativa privada. Desde 2013 a companhia esperava uma resposta da presidente Dilma Rousseff sobre a desestatização, o que só ocorreu em 19 de março deste ano.

 

O entreposto é a principal central de abastecimento do País e movimenta por dia cerca de 250 mil toneladas de frutas, legumes, verduras, pescados e flores, entre outros produtos importantes para o abastecimento de feiras e mercados. Ele é considerado ainda o maior da América Latina e o terceiro centro de comercialização atacadista de perecíveis do mundo, atrás apenas de Paris e Nova York. 

 

Fonte: Estadão