Material escolar fica até 35% mais caro neste ano, diz associação

05/01/2016

Além de impostos como IPTU e IPVA, o início de um novo ano no Brasil também é marcado por alguns gastos tradicionais à época, como a compra de material escolar.

 

Neste ano, os preços dos artigos escolares estão até 35% mais caros que no ano passado, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE).

 

De acordo com a entidade, a valorização do dólar ante o real, que atingiu 49% em 2015, é o principal motivo da alta nos preços. "Mochilas, estojos e lancheiras irão subir mais porque são importados e, por isso, afetados rapidamente pela alta do dólar", diz Rubens Passos, presidente da ABFIAE.

 

Segundo Passos, o aumento médio, que deverá ficar em 10%, só não é maior pois os produtores estão segurando o repasse ao consumidor.

 

"Os produtos fabricados aqui vão subir menos agora, pois se o reajuste for repassado de uma vez só, ninguém mais compra ou vende os produtos aqui no país. Então os produtores estão segurando os repasses", afirma.

 

O presidente da ABFIAE explica que o impacto da alta da divisa americana poderá ser sentida nos preços até 2017.

 

"O papel, um dos principais insumos da indústria, é cotado em dólar. Com isso, os produtores já anunciaram aumentos superiores a 20% a partir de fevereiro. Então isso, com o tempo, vai encarecer ainda mais nosso produto e poderá afetar mais um ou dois anos", diz.

 

A projeção da entidade para este ano é que as vendas caiam 10% na comparação com 2015.

 

"Há uma expectativa de fechamento de vagas. O varejo não vem bem, as vendas caíram e sentimos muito a situação macroeconômica. Precisamos da retomada do crescimento no país para que nosso setor possa voltar a crescer também", conclui Passos.

 

A associação também reclama da alta tributação que incide sobre os produtos. Segundo a ABFIAE, artigos como canetas, apontadores e borrachas são taxados em até 43%, enquanto cadernos e lápis pagam 35% de impostos do total do preço.

 

"Material escolar no Brasil é tratado como bebida alcoólica", conclui Passos.

 

COMO SE PROTEGER

O consumidor pode contornar o aumento dos preços. De acordo com o educador financeiro Álvaro Modernell, há duas palavras básicas que devem ser adotadas nesse período: pesquisa e negociação.

 

"Não há como fugir da alta dos preços. Nós vemos que aqueles que conseguem fazer as compras com menor custo, são pessoas com paciência para pesquisar diferentes marcas e fornecedores para os produtos", diz.

 

Para ele, há a possibilidade também de obter grandes descontos com negociações em conjunto ou quem reaproveita o material escolar do ano anterior.

 

"Há famílias que se unem para fazer compras no atacado e conseguem ótimos preços. Outro aprendizado é cuidar do material para que os alunos possam, em partes, reutilizá-los", afirma Modernell.

 

Caso a dúvida entre parcelar ou pagar à vista aconteça, especialistas afirmam que, se o consumidor tiver o dinheiro, deve-se optar pelo pagamento em uma só vez.

 

"Quando se oferece parcelamento sem juros, tem de verificar mesmo se não há juros embutidos. Muitas vezes se oferece desconto para pagamento à vista", diz Elisson de Andrade, educador financeiro.

 

Fonte: Folha de S.Paulo