Pequenas empresas de produtos vegetarianos crescem 40% ao ano

04/07/2016

O mercado de produtos vegetarianos, sem carne, ou veganos, que não usam qualquer tipo de ingrediente animal, tem crescido com o maior interesse em uma alimentação mais saudável.

 

Empresários do setor consultados pela Folha apontam alta da ordem de 40% nas vendas no último ano.

 

A Mr. Veggy, especializada em alimentos congelados, saiu de um faturamento de R$ 15 mil em 2009 para uma estimativa de R$ 1,9 milhão até o fim deste ano.

 

"No Brasil, é forte o consumo de carne, mas já se ouve falar mais do vegetariano", diz Mariana Falcão, 33, que fundou a companhia. "Crescemos mais de dez vezes nos últimos oito anos", afirma.

 

Juliana Berbert, consultora do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), diz ser uma tendência desta década "que veio para ficar".

 

A Surya, do setor de beleza e cuidados pessoais, se tornou vegana há dez anos como consequência da adoção desse estilo de vida pela sua proprietária, Clélia Angelon, 67. Mas foi apenas recentemente que a empresária viu um interesse específico nesse tipo de produto.

 

"Naquela época, isso não fazia diferença para o cliente. Foi agora que começamos a ver uma procura, até por questão de saúde", diz.

Os itens da Surya, como a henna em pó (R$ 21,45) para coloração dos cabelos, também são exportados para países como EUA e Japão.

 

Já o empresário Alexandre Borges, 32, comprou a Mãe Terra em 2008 e, no último ano, estima que ela cresceu 40%. "Tenho uma paixão muito grande pelo segmento, e vi que era uma grande oportunidade de negócio."

 

A empresa, que fabrica farinhas, cereais e biscoitos orgânicos, usa um único ingrediente animal: o mel.

 

Recentemente, os produtos da marca passaram a ser oferecidos nos voos da Gol.

 

"A gente quer atingir um público que não é vegetariano, mas pode ser simpático a uma alimentação baseada em plantas", explica Borges.

 

WHEY VEGANO

 

Leandro Duarte, 27, da Natural Science, criou uma linha de suplementos com proteína de arroz e ervilha, depois que comprou por R$ 35 mil uma empresa que usava proteína animal.

 

São dez produtos, de "whey protein" vegano a "queijo" com base de mandioquinha. "A ideia inicial era direcionar para intolerantes à lactose, mas eu mesmo me tornei vegetariano, e passamos a focar isso", diz.

 

Duarte estima que 60% dos seus clientes são consumidores de carne que buscam também opções saudáveis.

 

Os planos de expansão das empresas do setor são parecidos: conquistar espaço nos grandes supermercados e aumentar o número de produtos. Para crescer, elas investem em divulgação em redes sociais e em degustações nos pontos de venda.

 

Segundo Berbert, esse público é bem informado. O empreendedor deve passar confiança em seus produtos. "Não é possível fazer as coisas mais ou menos", diz.

 

O principal problema para quem pretende entrar nesse ramo, segundo Berbert, é que a demanda ainda está em formação. Assim, é preciso ter cuidado para não antever um volume de vendas que não se sustenta na prática.

 

Para o professor Claudio Gonçalves, da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), a alta do mercado está associada ao ganho de renda, já que os produtos costumam custar mais que versões de origem animal.

 

Para entrar no setor, ele recomenda planejamento e investimento. "É preciso ter capital de giro, já que o retorno não é de curto prazo", diz.

 

Fonte: Folha de SP