Governo admite alta do juro ainda em 2014

29/10/2014

Na primeira reunião após a reeleição de Dilma Rousseff, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve manter nesta quarta (29) os juros básicos da economia em 11% ao ano, mas assessores presidenciais não descartam uma alta no último encontro do ano, em dezembro.

 

Segundo a Folha apurou, o Planalto espera terminar 2014 sem novos apertos na política monetária, mas há uma preocupação no governo com dois indicadores da economia: a taxa de câmbio e o resultado das contas públicas.

 

Para assessores, a combinação de um dólar em alta nas próximas semanas e de novos deficit primários do setor público pode gerar mais combustível para a inflação nesta reta final do ano e início de 2015, quando começa o segundo mandato de Dilma.

 

Nesse caso, o Copom teria de avaliar a necessidade de antecipar um aperto na política monetária, que o mercado estava prevendo apenas para 2015. Uma sinalização de que esse cenário está dentro do radar do BC pode ser dada na ata do comitê sobre a decisão de hoje, que será divulgada na próxima semana.

 

O temor do governo é que a inflação entre mais pressionada no ano de 2015. Em setembro, o IPCA chegou a 6,75% no acumulado em 12 meses. A expectativa do mercado é que o indicador permaneça acima do teto até novembro e recue para 6,44% só em dezembro. Previsões que podem não se concretizar.

 

Ontem, o dólar fechou em queda, na casa de R$ 2,47. O cenário, contudo, ainda é de instabilidade e só deve se normalizar quando Dilma definir a nova equipe econômica.

 

Uma ala do governo defende ainda o anúncio de medidas fiscais para reverter o quadro de contas públicas no vermelho --nos últimos quatro meses, o Tesouro não conseguiu economizar para pagar os juros da dívida e registrou deficit primários.

 

Para um assessor, está nas mãos do Planalto a definição sobre os juros no final do ano. A avaliação é que, caso o mercado se acalme com o nome do futuro ministro da Fazenda e seja divulgado um ajuste fiscal crível, o cenário para a inflação ficará benigno e dispensará um aperto imediato na política monetária.

 

Em sua mais recente previsão, o BC projetou inflação de 6,3% no fim de 2014, mas com um dólar a R$ 2,25. O aumento de 10% na cotação desde então é suficiente para estourar o limite da meta.

 

O mercado também aguarda uma definição sobre a diretoria do BC.

 

Os membros do Copom, funcionários públicos de carreira, são os mesmos desde 2012. Três diretores têm tempo de casa para se aposentar: Altamir Lopes (Administração), Sidnei Marques (Organização do Sistema Financeiro) e Luiz Edson Feltrim (Relacionamento Institucional).

 

Fonte: Folha de S.Paulo