Interior de SP ganha 1ª grande fábrica de painéis de energia solar do País

31/08/2015

Em meio a estiagem e à consequente queda nos níveis de reservatórios no Sudeste, foi inaugurada nesta sexta-feira, 28, em Valinhos, no interior de São Paulo, a primeira fábrica brasileira a produzir painéis de energia solar em grande escala. A inauguração coincide com o segundo leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica  exclusivo para energia solar - com alguns dos clientes da fabricante dos painéis entre os concorrentes.

 

O foco de negócios da Globo Brasil é atender a demanda que virá com a construção de usinas solares. No ano passado, quase 1 giga watt de energia solar foi contratado para ser injetado na matriz energética brasileira a partir de 2017. Segundo a empresa, esse valor equivale ao consumo residencial de uma cidade com o porte de Salvador. O leilão realizado nesta sexta-feira tinha como meta projetos para contratar 382 empreendimentos, com capacidade instalada de 12 GW.

 

Em cerca de um ano, o empresário Manuel Figueiredo Coelho, presidente da Globo Brasil, construiu uma fábrica com capacidade para produzir 180 MW por ano, com máquinas importadas da Alemanha, Suíça e China. Para isso ele contou com uma redução da tarifa na importação dos equipamentos de 14% para 2% negociada com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MinDIC), e uma isenção tributária que foi costurada pela InvesteSP, agência de promoção de investimentos ligada ao governo estadual. 

 

"Se no passado a questão energética era vista como algo complementar, hoje ela é vista como uma questão fundamental como custo essencial da indústria  e também de sustentabilidade", diz o secretário de Desenvolvimento de Produção do MinDIC, Carlos Gadelha.

 

Em uma área que começa a receber investimento para acompanhar a crescente demanda por energia, a empresa terá inclusive concorrentes na mesma região. A chinesa BYD já anunciou que deve inaugurar sua fábrica em Campinas, que terá capacidade de até 400 MW ao ano. A BYD já está interessada no mercado brasileiro há cerca de quatro anos e mantém contato com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil). Além de uma montadora de ônibus elétricos, neste ano a chinesa anunciou investimento de R$ 150 milhões na fabricação de painéis fotovoltaicos, o que a tornará concorrente da Globo Brasil.

 

"Neste momento, precisamos rapidamente aumentar a geração de energia no Brasil", alerta o Secretário de Energia do governo estadual, João Carlos Meirelles. "Nada melhor que gerar energia perto do centro de consumo."

 

Empresários do setor concordam que este é um momento estratégico para a energia solar no Brasil. A Solare, empresa do grupo de investidores goiano FCR que faz projetos de usinas solares, ganhou um projeto de 10 MW no leilão de novembro do ano passado. A empresa tem outros 100 MW em projetos para outras usinas e estima que deve instalar todos estes empreendimentos em quatro anos. No entanto, reconhece que a concorrência no setor está se acirrando. "Este foi o leilão dos grandes players", diz Marcelo Pes, representante comercial da Solare. Com a inauguração da fábrica brasileira em Valinhos, a Solare negocia a compra das placas da Globo Brasil.

 

"Agora temos um parceiro vizinho que te dá qualidade do produto. E se você tiver qualquer problema, temos para quem correr."

 

Outros especialistas do setor ressaltam o retorno do investimento que a energia solar oferece. Segundo Luiz Marcelo Santos, presidente da Davanti Energia Solar, que faz projetos com instalações de energia renovável, a estimativa para residências e comércios intermediários é de retorno de até seis anos, enquanto para a indústria esse prazo pode ser de até dez anos. "Em uma estimativa conservadora, um comerciante paga o investimento (com a compra das placas) em cinco ou seis anos, e a partir daí ele tem praticamente 20 anos de energia completamente de graça", diz Santos.

 

Fonte: Estadão