Será que a culpa do seu ganho de peso é da falta de boas horas de sono?

18/03/2019


O sono exerce inúmeras funções no nosso organismo, tais como homeostase corporal, conservação de energia, consolidação da memória, regulação neuroendócrina, metabólica e hormonal.

 

A redução da duração do sono tem se tornado uma característica da sociedade moderna, e hoje dormimos cerca de uma a duas horas a menos do que a algumas décadas atrás.

 

Estudos em laboratórios e epidemiológicos têm documentado de maneira expressiva efeitos fisiopatológicos da redução do tempo de sono com uma constelação de alterações, incluindo problemas cardiovasculares e metabólicos, prejuízo no rendimento físico e intelectual, alterações no humor e no comportamento alimentar, assim como o desenvolvimento da obesidade.

 

A relação da privação de sono e obesidade

Estudos vêm mostrando que a redução do sono pode levar à obesidade por meio da desregulação dos hormônios do apetite, como a leptina (responsável pela saciedade) e grelina (responsável pela fome).

 

Indivíduos que foram submetidos a uma restrição do sono durante uma semana, por exemplo, apresentavam uma redução de 19% da leptina.

 

Já a grelina sofre aumento com a restrição de sono. Ao compararem homens e mulheres que dormiam cinco horas por noite com quem dormia oito horas, cientistas observaram um aumento de 15% nos valores de grelina.

 

Essas mudanças nos níveis de grelina e leptina podem levar com a uma alteração no padrão alimentar, variando desde a quantidade de comida ingerida até a preferência por refeições densamente calóricas. Um estudo realizado com adultos mostrou que a restrição de sono por dois dias (quatro horas por noite) resultou num aumento de 24% da fome e em 32% a preferência por alimentos ricos em carboidratos.

 

Outra hipótese sobre a relação entre falta de horas de sono e ganho de peso é a alteração no gasto energético, uma vez que indivíduos restritos de sono possuem maior grau de fadiga e sonolência, reduzindo a disposição para realizar atividades fisicas. No entanto, os resultados ainda são controversos na literatura quanto a influência da restrição de sono no gasto energético.

 

Sono na obesidade

A obesidade está associada com a sonolência escessiva diurna (SED) e pode ser um fator importante subjacente à atual epidemia de fadiga e sonolência nas sociedades modernas.

 

Indivíduos obesos possuem uma menor latência do sono pela manhã e maior latência do sono no período noturno, além de uma maior fragmentação do sono, o que explicaria essa ascociação com a SED. Um estudo recente em uma grande amostra mostrou que a obesidade é um fator de risco significativo para a SED, independentemente de distúrbios respiratórios do sono e idade.

 

Além disso, hoje já é muito bem descrito na literatura que a obesidade é um fator de risco para os distúrbios respiratórios do sono, entre eles a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS). É uma condição crônica caracterizada por obstruções totais (apneias) ou parciais das vias aéreas superiores durante o sono, levando a hipoxemia significativa e despertares recorrentes. Se não tratado, o problema A pode resultar em sérias morbidades neurocomportamentais, cardiovasculares, sonolência excessiva diurna e doenças metabólicas.

 

O problema tem sintomas como hipersonolência diurna, cansaço, indisposição, falta de atenção, redução da memória, depressão, diminuição dos reflexos e sensação de perda da capacidade de organização. Algumas caracterísicas são pausas na respiração, ronco, engasgo, gemidos expiratórios (catatrenia).

 

É importante ressaltar que a obesidade é um fator de risco tanto para a síndrome de apneia obstrutiva como para o ronco, e que ambas as patologias podem prejudicar a qualidade do sono.

 

Fonte: UOL